“Devagarinho a gente pega o jeito”: um estudo antropológico sobre envelhecimento e mídias digitais
Resumo
Esta dissertação tem como objetivo principal discutir os usos das tecnologias digitais por idosos/as através dos dados obtidos pela observação participante feita em diferentes locais de pesquisa. Veremos também como tal prática se relaciona com a promoção da Política de Saúde do Envelhecimento Ativo. Para tanto, tive como foco de análise as aulas dos módulos I e III do curso de informática para Melhor Idade, ofertado pelo Laboratório de Informática Prae/CPD (LABINFO) da UFSM e a rede social digital Facebook. No ambiente do curso foi possível compreender que questões referentes ao gênero, geração/faixa etária, tempo de aprendizado e processo educativo interferem diretamente no processo de aprendizagem da linguagem digital por pessoas com mais de 50 anos e, em decorrência disso, é frequente vermos a circulação dos/as alunos/as entre os módulos do Melhor Idade. Percebi que o motivo pelo qual os/as alunos/as recorrem a um curso de informática é algo que vai além da comunicação com familiares e amigos. Em grande medida, os idosos/as que acompanhei durante a pesquisa almejavam tornarem-se mais autônomos e independentes quanto ao uso das tecnologias digitais ao mesmo tempo em que visavam afirmarem-se enquanto avôs/ós presentes na vida social de seus/suas netos/as. Contudo, o espaço do laboratório parece estar se constituindo, no contexto santa-mariense, como mais um dos locais de sociabilidades dos idosos (do que propriamente um espaço de educação formal), que se diferencia de outros ambientes do centro da cidade por ser frequentado principalmente por mulheres idosas. A participação nas mídias sociais como o Facebook dá visibilidade a tal grupo enquanto cidadãos online e ainda possibilita a construção de sociabilidades no interior do ciberespaço. O fato de que o número de usuários do Facebook com mais de 50 anos tem aumentado nos últimos anos, revela que além de estarmos vivenciando um contexto de popularização da Internet no Brasil (seja através do computador, mas principalmente pelo celular), isto relaciona-se com o crescimento do envelhecimento populacional brasileiro, assuntos amplamente abordados na presente investigação. Nesse sentido, o conceito de participação considerado um dos pilares para a promoção do envelhecimento ativo, deve ser repensado no contexto da era digital.
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