Aspectos da socialidade da existência na fenomenologia hemenêutica de Ser e Tempo
Resumo
A presente investigação objetiva explicitar os aspectos fundamentais da socialidade da
existência humana, conforme a exposição de Heidegger em Ser e Tempo. Nessa obra, a partir
do questionamento sobre o sentido do ser em geral, o filósofo produz uma análise da
existência humana, que é compreendida sistematicamente pelo termo ser-aí (Dasein). Nessa
análise, o caráter social da existência é explicitado ontologicamente pela caracterização da
estrutura fundamental da existência denominada ser-com (Mitsein). Na tentativa de expor os
caracteres determinantes da estrutura do ser-com e evidenciar os aspectos que caracterizam a
relação do ser-aí com seu semelhante, nossa exposição de divide em três momentos.
Primeiramente, faremos a reconstrução da análise do ser-aí cotidiano, que exige a exposição
dos aspectos introdutórios da obra e a caracterização dos momentos constitutivos da estrutura
mais fundamental da existência, denominada ser-no-mundo. A partir disso, veremos que na
exposição positiva do modo de ser impessoal (das Man), que caracteriza a forma como se
sustenta o ser-aí cotidiano, se evidencia uma primazia da impropriedade na existência, que de
pronto e no mais das vezes se encontra submergida em padrões normativos de
comportamentos regulados publicamente. Esse modo de ser é denominado socialidade
impessoal. No segundo momento, a partir da descrição dos conceitos de angústia, culpa,
morte e consciência, se expõe os caracteres da modificação existencial, na qual o ser-aí rompe
com o modo de ser cotidiano e assume ser um fundamento na singularização de sua
existência. No entanto, veremos que essa singularização não elimina todos os padrões e
normas, mas que, a partir dela, a existência se relaciona de forma própria e consciente com os
padrões, se projetando de modo responsivo em possibilidades existenciais, constituídas
intersubjetivamente. Nesse horizonte, se faz visível a perspectiva da segunda pessoa, na qual
o ser-aí se encontra em uma relação de mútua responsabilidade para com o outro. Por fim,
com base na exposição da temporalidade e historicidade da existência, explicitaremos o modo
como se dá o gestar-se (Geschehen) resoluto do ser-aí, no “entre” os fins existenciais
denominados nascimento e morte.
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