Iniquidades socioconômicas na saúde bucal de adolescentes
Resumo
As iniquidades socioeconômicas determinam um gradiente social para a ocorrência de saúde
bucal em adolescentes, sendo que aqueles em pior condição socioeconômica apresentam altos
níveis de sangramento gengival e pior qualidade de vida relacionada à saúde bucal (QVRSB).
Entretanto, há uma inconsistente evidência sobre as vias socioeconômicas das iniquidades na
saúde periodontal de adolescentes e o impacto longitudinal de fatores socioeconômicos
contextuais e individuais na QVRSB desses indivíduos. O objetivo desta tese foi apresentar
dois artigos. O primeiro estudo explorou as vias pelas quais as iniquidades socioeconômicas
podem influenciar o sangramento gengival de adolescentes; e o segundo estudo foi avaliar o
impacto das iniquidades socioeconômicas na QVRSB ao longo do tempo. Este estudo de coorte
acompanhou 1.134 escolares brasileiros matriculados em escolas públicas na idade dos 12 anos
durante dois anos. Os participantes foram examinados clinicamente para cárie dentária,
sangramento gengival em seis sítios por dente através do Índice Periodontal Comunitário,
biofilme dental e maloclusão. Os pais receberam um questionário socioeconômico
semiestruturado para coleta de características sociodemográficas e uso de serviço odontológico.
Variáveis psicossociais sobre o grau de felicidade foram coletadas através de um questionário
validado. QVRSB foi avaliada através da versão brasileira reduzida do Child Perceptions
Questionnaire for 11- to 14-Year-Old Children (CPQ11-14). Variáveis contextuais relacionadas
à escola foram obtidas através de publicações oficiais do município. Os dados foram coletados
usando procedimentos padronizados em ambas as avaliações. Os desfechos dessa tese foram o
sangramento gengival no acompanhamento e a QVRSB ao longo do tempo. Os dados foram
analisados por meio de Modelos de Equações Estruturais para o primeiro estudo e Modelos
Multiníveis de Regressão Linear para o segundo. A via neomaterialista, através de um efeito
direto mais forte da posição socioeconômica, ofereceu uma melhor explicação das iniquidades
no sangramento gengival de adolescentes no acompanhamento. Além disso, as iniquidades
socioeconômicas, avaliadas através da baixa renda do bairro da escola, baixa renda familiar e
baixa escolaridade materna impactaram negativamente a QVRSB dos adolescentes ao longo do
tempo. Portanto, a baixa condição socioeconômica foi associada a uma pior saúde bucal de
adolescentes. Esses achados suportam a necessidade de implementação de políticas públicas
sobre os determinantes sociais na adolescência.
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