Lendo ficções para a vida: literatura, formação moral e emoções
Resumo
Esta dissertação apresenta uma investigação sobre como obras literárias ficcionais tout court
podem nos formar moralmente. O objetivo é constituir uma defesa ao potencial da literatura
para a nossa formação moral. Como ponto de partida, o primeiro capítulo propõe uma
reconstrução extensiva da posição de John Gibson em Fiction and the Weave of Life (2007).
Nesse processo, o trabalho adota os tratamentos de Gibson para dois velhos impasses
filosóficos sobre a arte literária: o da ficção e o do valor cognitivo. Resumidamente, primeiro,
o autor emprega a abordagem do segundo Wittgenstein sobre a linguagem; a fim de esclarecer
a conexão direta entre os textos ficcionais e o mundo real. Segundo, ele avança uma tese
neocognitivista para reivindicar o valor cognitivo literário em termos de “reconhecimento” e
“entendimento”, em vez de “conhecimento” e “verdade”. A partir do vocabulário filosófico
provido por Gibson, no segundo capítulo, este trabalho cria a “Tese do Conceituário Moral”
como uma tentativa de esclarecer como a literatura tout court pode formar moralmente. De
acordo com a tese, a literatura pode reorientar valorativamente os nossos conceitos morais;
por conseguinte, mudando o nosso entendimento moral sobre a vida e a nossa formação moral.
Em seguida, este trabalho testa os limites dessa proposta frente a ceticismos empíricos e a
excessos idealistas sobre o prospecto da literatura para a nossa educação moral. O resultado
de tal consideração é uma ressalva de que o nível, a frequência, e as condições da influência
moral da literatura sobre nós não podem ser determinadas ainda. O último capítulo oferece
uma qualificação adicional sobre o papel do engajamento emocional para o entendimento
adequado de conceitos morais. A esse respeito, a intenção é indicar que as emoções instigadas
pela estrutura dramática da literatura são cruciais para a assimilação conceitual moralmente
orientada. Ao final, para fins de exemplificação, este estudo também traz uma leitura de
Frankenstein, de Mary Wollstonecraft Shelley. A conclusão desta dissertação é que a literatura
tout court tem grande potencial para nos formar moralmente; não obstante a ausência de
meios confiáveis para a precisão de tal impacto formativo.
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