Caracterização morfofisiológica e molecular de Fusarium spp., agente causal da murcha em Carya illinoinensis k.
Resumo
A produção de nogueira-pecã (Carya illinoinensis) contribui com a cadeia econômica de diversas regiões do país, fornecendo amêndoas utilizadas pela indústria alimentícia, cascas utilizadas para fabricação de chás e fertilizantes, além da madeira, considerada de ótima qualidade para fabricação de móveis. No Rio Grande do Sul, o cultivo está estabelecido há bastante tempo, ganhando maior atenção nos últimos anos devido à rentabilidade proporcionada pela atividade. Porém, um dos fatores que prejudica a produção da espécie é a incidência de doenças, as quais são capazes de provocar danos severos e devastar pomares. Nesse contexto, a murcha ocasionada por fungos do gênero Fusarium surge como uma nova ameaça aos pomares da região sul do país, manifestando-se através de sintomas como murcha, encarquilhamento e necrose de folhas, além de escurecimento dos tecidos vasculares. Assim, o presente trabalho teve como objetivo analisar as características morfofisiológicas e moleculares, além de confirmar a patogenicidade de isolados de Fusarium spp. associados a murcha em nogueira-pecã em pomares da região Sul do Brasil. Para isso, amostras de material vegetal sintomáticos foram coletadas em diferentes municípios do Rio Grande do Sul e Paraná. Posteriormente, foram purificados e obtidos isolados potencialmente patogênicos. Após a obtenção dos isolados, esses foram avaliados quanto à variabilidade morfofisiológica através da mensuração do crescimento micelial, pigmentação das colônias e coloração do micélio aéreo além do dimensionamento de esporos e demais características das estruturas reprodutivas. A caracterização molecular foi realizada através da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) para amplificação da região do fator de elongação 1-alfa e posterior sequenciamento. Já o teste de patogenicidade foi realizado através da imersão de raízes de plantas de nogueira em suspensão de esporos dos isolados de Fusarium spp. Além disso, foi avaliada a severidade da doença por meio de uma escala de notas de acordo com os sintomas expressos pelas plantas. Foram obtidos 19 isolados fúngicos de plantas distribuídas em diferentes localidades. As características morfofisiológicas analisadas foram suficientes para comprovar a existência de variabilidade entre os isolados, sendo a esporulação e o comprimento de macroconídios os caracteres que mais contribuíram para tal diferenciação. Através da análise de dissimilaridade dos caracteres morfofisiológicos foi possível separar os isolados em diferentes grupos. O sequenciamento da região do fator de elongação 1-alfa permitiu comprovar a diferença existente entre os isolados e identificar um complexo de espécies, sendo elas Fusarium oxysporum, F. fujikuroi, F. graminearum, F. incarnatum e F. solani. Todos os isolados foram considerados patogênicos a nogueira-pecã, porém, houve variabilidade quanto a agressividade dos mesmos. Com isso, pode-se concluir que diferentes espécies do gênero Fusarium são responsáveis pela ocorrência de murcha em nogueira-pecã no Rio Grande do Sul e Paraná.
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