Circulação de sentidos e a memória da ditadura civil-militar no acontecimento o "Voto de Jair Bolsonaro" no impeachment de Dilma Rousseff
Resumo
A midiatização em curso possibilita que produtores e receptores de sentidos participem ativamente da narrativa dos acontecimentos (FAUSTO NETO, 2008), sendo que o receptor faz seguir adiante de várias formas o que recebe, uma delas é a circulação manifestada nas redes sociais (BRAGA, 2012). Logo, assumimos como tema de pesquisa a circulação de sentidos em ambientes digitais na sociedade em midiatização. A partir disso, analisamos a circulação em fluxo adiante de sentidos sobre a ditadura civil-militar, mobilizados pelo voto do então deputado federal, Jair Messias Bolsonaro, durante a abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, no dia 17 de abril de 2016, na Câmara dos Deputados do Brasil. Compreendemos o voto de Jair Bolsonaro como um acontecimento que convoca um passado e abre horizonte de possíveis (QUÉRÉ, 2005). A circulação do “voto de Jair Bolsonaro” atualizou lógicas discursivas relacionadas à memória e ao processo de esquecimento em relação ao período da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Além do mais, percebemos a circulação do discurso de ódio biopolítico no acontecimento o “voto de Jair Bolsonaro”. Esse ódio biopolítico é disseminado contra determinados setores da sociedade, considerados indignos, inclusive, para viver (FOUCAULT, 2005). Para tanto, nossa problemática de investigação diz respeito a como a circulação do acontecimento o “voto de Jair Bolsonaro” mobilizou sentidos sobre a ditadura civil-militar brasileira. A metodologia desenvolve-se a partir de um desenho metodológico próprio, já que para investigar a circulação em fluxo adiante, necessitamos construir caminhos peculiares, pois os sentidos em circulação não percorrem um trajeto linear ou pré-estabelecido. Utilizamos a individualização do acontecimento (FRANÇA e LOPES, 2016) para constatar como se constrói o acontecimento o “voto de Jair Bolsonaro”, além de mapear a circulação. Já para investigarmos como o ódio biopolítico circula a partir do acontecimento o “voto de Jair Bolsonaro”, além de analisar como a memória sobre a ditadura civil-militar é atualizada no acontecimento o “voto de Jair Bolsonaro”, partimos para a análise discursiva. Ao fim, percebemos o poder de revelação do acontecimento, que está no passado que ele convoca e no problema público que ele aponta por meio da atualização da memória da ditadura civil-militar reverberada na circulação de sentidos na ambiência digital e ainda pela intensificação do ódio biopolítico na conjuntura brasileira.
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