Populações estelares e gás ionizado em galáxias esferoidais centrais
Resumo
Galáxias centrais de halos massivos de matéria escura, geralmente de morfologia esferoidal,
apresentam propriedades físicas distintas de galáxias esferoidais não centrais com massa comparável.
Diversos estudos sugerem que, por estarem em um local privilegiado do halo, tais
objetos estão sujeitos a processos evolutivos distintos daqueles que atuam em galáxias não centrais.
Tais mecanismos, no entanto, são pouco conhecidos, em particular quanto ao seu impacto
no desenvolvimento do conteúdo bariônico (gás e estrelas) das galáxias centrais. Neste trabalho,
investigamos as características físicas de uma amostra de galáxias centrais extraídas do catálogo
SPIDER em função tanto da massa do halo quanto da massa estelar da galáxia, a fim de obter
informações que permitam montar um cenário plausível para a formação e evolução dessas galáxias.
Para obter informações das populações estelares das galáxias estudadas, combinamos os
espectros óticos do levantamento SDSS em bins de massa do halo e dispersão de velocidades e
utilizamos o código STARLIGHT. A confiabilidade dos resultados foi testada confrontando-os
com amostras de espectros simulados com diferentes características. Para identificar a presença
de gás ionizado, medimos a largura equivalente da linha Ha por ajuste de gaussianas. Encontramos
que a extinção AV , a largura equivalente de Ha e a contribuição de uma lei de potência
aumentam conforme aumenta a massa do halo e diminui a dispersão de velocidades da galáxia
central. As idades estelares médias apresentam comportamento oposto, se tornando mais baixas
nesses mesmos regimes. Já a metalicidade estelar média é maior quanto maior for a massa do
halo e a dispersão de velocidades. Essas relações, no entanto, são bastante sensíveis à base utilizada
na síntese de populações estelares. A dependência da largura equivalente de Ha com as
massas da galáxia e do halo é, juntamente com a extinção AV , bem descrita por um cenário no
qual o depósito de gás frio em uma galáxia central é regulado pela competição entre feedback
da atividade nuclear da galáxia central e o resfriamento do gás intra-aglomerado, assumindo-se
o modelo de acreção de Bondi. Dessa forma, o resfriamento do gás do ICM deve ser necessário
pra descrever o histórico de formação estelar de uma central. Porém, dadas as baixas larguras
equivalentes de Ha observadas, esse mecanismo possivelmente não é dominante.
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