Estresse, cortisol e dor musculoesquelética em enfermeiros de um serviço de hemato-oncologia
Resumo
Introdução: O estresse ocupacional é entendido como o resultado da interação entre
demandas do trabalho e habilidade de controle sobre elas, podendo gerar alterações na
concentração do cortisol, expor o trabalhador ao risco de adoecimento, e ao desenvolvimento
da dor musculoesquelética. Objetivo: avaliar a associação entre estresse ocupacional,
concentração de cortisol salivar e dor musculoesquelética em enfermeiros de um serviço de
Hemato-Oncologia. Método: Estudo transversal com 29 enfermeiros trabalhadores do turno
diurno, de um serviço de Hemato-Oncologia de um hospital universitário do Rio Grande do
Sul. A coleta de dados ocorreu de abril a agosto de 2018, com instrumento de caracterização
sociodemográfica, laboral e perfil de saúde, a Job Stress Scale, o Questionário Nórdico de
Sintomas Osteomusculares e coleta de saliva para análise de cortisol em cinco momentos (ao
despertar, no início e no final de plantão em um dia de trabalho e nos mesmos horários em um
dia de folga). Procedeu-se à análise estatística dos dados. Resultados: Foram construídos dois
artigos. O primeiro intitulado "Avaliação do estresse por meio do cortisol salivar em
enfermeiros de hemato-oncologia: trabalho x folga", demonstrou que não houve diferença
significativa (p<0,05) nos valores de cortisol salivar entre o dia de trabalho e o dia de folga.
Houve diferença significativa com os maiores valores de cortisol salivar ao despertar para
quem não tem filhos, não faz uso de medicação, não faz uso de anticoncepcional oral e tem a
intenção de deixar o trabalho. No início de plantão, para quem faz uso de medicação. E, no
final da folga para quem trabalha no setor de internação. O segundo artigo, intitulado
"Estresse ocupacional, concentração de cortisol e dor musculoesquelética: qual sua associação
em enfermeiros de hemato-oncologia? ", demonstrou que o maior número de enfermeiros
encontravam-se nos quadrantes de Trabalho passivo e Alta exigência, que foram também os
quadrantes em que houve maior prevalência de dor musculoesquelética. As regiões
anatômicas de maior relato de dor musculoesquelética foram coluna vertebral no último ano e
nos membros inferiores na última semana, e a intensidade da dor foi de moderada à leve. Não
houve diferença significativa entre os valores de cortisol salivar com o estresse ocupacional e
com a dor musculoesquelética. Conclusão: os dados mostram que os enfermeiros de hemato-
oncologia encontram-se estressados e, possivelmente já tenham desenvolvido uma doença
ocupacional, o que se percebeu a partir dos relatos de dor musculoesquelética, e
manifestações de alterações nos parâmetros fisiológicos de cortisol salivar. Sugerem-se
intervenções, a fim de se prevenir a piora do quadro psicológico e físico, para manter a
qualidade do serviço e saúde dos profissionais.
Coleções
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: