Infecção natural por Sarcocystis spp. em gatos do sul do Brasil: desenvolvimento de cistos musculares, epidemiologia e soroprevalência
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Data
2019-12-11Primeiro membro da banca
Fighera, Rafael Almeida
Segundo membro da banca
Costa, Fernanda Vieira Amorim da
Metadata
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Sarcocystis spp. são protozoários pertencentes ao filo Apicomplexa capazes de infectar uma ampla variedade de animais. Dentre as diversas espécies que compõem o gênero Sarcocystis, há uma notável variabilidade em relação aos hospedeiros envolvidos, entretanto, a formação de cistos teciduais no hospedeiro intermediário (HI) é uma característica inerente a todas as espécies desse protozoário. Felinos são classicamente reconhecidos como hospedeiros definitivos para determinadas espécies de Sarcocystis, porém, estudos recentes demonstram que esses animais podem desempenhar o papel de HI natural para S. felis e S. neurona. Há relatos de gatos que adoeceram devido à infecção por Sarcocystis spp. no sistema nervoso central (SNC). Na grande maioria dos casos, S. neurona era a espécie envolvida e os animais apresentaram sinais neurológicos graves. No Brasil, a importância do gato doméstico como HI natural no ciclo de qualquer espécie de Sarcocystis permanece desconhecida. Com base nisso, é importante investigar a ocorrência de Sarcocystis spp. em tecidos de gatos domésticos brasileiros, a fim de verificar se esses animais podem atuar como HI naturais para alguma espécie de Sarcocystis em nosso território. Em vista disso, este trabalho tem o objetivo de avaliar a presença de sarcocistos musculares em gatos submetidos à necropsia com posterior identificação da espécie envolvida e, em paralelo, avaliar a soroprevalência de Sarcocystis spp. na população felina do Sul do Brasil. Para verificar a presença de sarcocistos musculares, 100 gatos submetidos à necropsia de rotina tiveram fragmentos de determinados grupos musculares coletados para análise histológica e, realização de reação de polimerase em cadeia (PCR). Dados epidemiológicos (sexo, idade, raça e status reprodutivo) e informações associadas ao uso prévio de drogas com potencial imunossupressor, ao status de infecção para o vírus da imunodeficiência felina (FIV) e o vírus da leucemia felina (FeLV) e ao acesso à rua foram coletadas do histórico clínico. A causa de morte ou razão para eutanásia foi obtida através do laudo de necropsia. Casos positivos na histologia e PCR foram encaminhados para sequenciamento genético. Adicionalmente, os soros de 497 gatos atendidos rotineiramente no Hospital Veterinário Universitário (HVU) foram submetidos à técnica de reação de imunofluorescência indireta (RIFI), em busca de anticorpos para Sarcocystis spp. Dos 100 gatos analisados histologicamente, 5 (5/100; 5%) tiveram sarcocistose muscular e a única espécie envolvida em todos os casos foi confirmada como S. neurona pela PCR. Na análise sorológica, 24 gatos (24/497; 4,82%) apresentaram anticorpos anti-Sarcocystis spp. Nossos resultados demonstram que há circulação de Sarcocystis spp. entre a população felina estudada e confirmam que gatos domésticos são capazes de desempenhar papel de hospedeiro intermediário natural para S. neurona. Baseado em nossos dados, amplia-se o conhecimento da infecção natural por S. neurona em gatos, e recomenda-se a inclusão de Sarcocystis sp. como diagnóstico diferencial em doenças neurológicas de gatos da nossa região.
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