Socioeducação e inclusão: a produção de sujeitos no centro atendimento socioeducativo de Santa Maria/RS
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Data
2021-02-11Primeiro membro da banca
Lockmann, Kamila
Segundo membro da banca
Lazzarin, Marcia Lise Lunardi
Metadata
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Problematizar a produção de sujeitos no Centro de Atendimento Socioeducativo de Santa Maria/RS, bem como seus efeitos e os modos de subjetivação que se dão na aliança com a escola inserida na unidade, foi o que mobilizou as análises empreendidas nessa pesquisa desenvolvida na Linha de Pesquisa em Educação Especial - no contexto do Grupo de Pesquisa Diferença, Educação e Cultura – DEC/UFSM/CNPq. Sob inspiração teórico metodológica dos estudos foucaultianos em educação, considerando-se que somos seres constituídos nos e pelos discursos sociais atravessados pelas relações de poder, organizei a materialidade analítica em dois grupos: no primeiro, documentos oficiais que orientam e conduzem as práticas operadas no Centro; e no segundo, materiais produzidos pelos alunos/menores infratores nas oficinas que ocorrem no espaço escolar. Nas análises empreendidas, observei dois movimentos enunciativos; sendo o primeiro acerca das práticas disciplinares operadas no centro que se dão entre a vigilância, correção e punição. Atrelado a isso, anúncios da Socioeducação como uma política de inclusão social, a fim de ressocializar os menores infratores para que eles retornem à sociedade de forma segura, sem colocar em risco a si e a coletividade. Movimentos esses que tem a intencionalidade de ajustar tais sujeitos à lógica neoliberal, modo de vida da atualidade. Nessas tramas, visualizei a educação escolarizada sendo colocada como obrigatória dentro do sistema, devendo estabelecer alianças para operar práticas que ajustem os sujeitos às necessidades sociais, o que se evidenciou num segundo momento analítico, onde técnicas de si se dão na ordem da conversão dos sujeitos a partir de práticas de confissão aos moldes dos preceitos cristãos, os quais ditam nossa forma de ser e estar. Assim, confessando-se para renunciar a si mesmo e subjetivando-se dentro dessa ordem moral imposta. Ao mesmo tempo, observo que essas técnicas de si, a depender de como são mediadas, possibilitam um exercício ético dos sujeitos sobre si - via práticas de liberdade - mostrando que há potência para se contrapor a esse modo de vida neoliberal, o qual os mantém dentro de um estado de anormalidade permanente, visto que é difícil manterem-se nas redes de produção e de consumo quando o Estado se exime da responsabilidade e passa a não investir em políticas públicas que deem a esses anormais sociais condições efetivas para participarem desse modo de vida. Nesse sentido, finalizo o estudo com a defesa da escola como um espaço potente, quando ela se suspende de usos utilitaristas e se abre para além do currículo, dando espaço para as práticas que ocorrem nas oficinas e que potencializam um exercício crítico reflexivo em seus alunos, especialmente quando esses são colocados a experenciarem-se de foram ética - podendo assim - escolher modos outros de existência.
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