Criminalização do funk e racismo estrutural: a narratividade discursiva nos portais R7 e G1 sobre a tragédia de Paraisópolis
Visualizar/ Abrir
Data
2022-02-04Autor
Souza, Pamela Nascimento de
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Este trabalho tem como objetivo geral problematizar as características discursivas dos portais G1 e R7 sobre a Tragédia de Paraisópolis (2019), de forma a compreender como se produz e circula o discurso jornalístico sobre essa temática. Tragédia de Paraisópolis foi o enunciado dado a uma ação da Polícia Militar de São Paulo durante um baile funk, que resultou em nove mortes, no ano de 2019; acontecimento este que teve muita visibilidade e repercussão na grande mídia e ampliou a discussão sobre a criminalização do funk. A partir do agrupamento das pessoas nas periferias, que partilham de histórias e condições socioeconômicas semelhantes, nasce o funk brasileiro. Como consequência desse estilo musical, derivam os denominados bailes funk, festas com grande concentração de jovens e sons muito potentes, que ocorrem nas regiões suburbanas e periféricas do Rio de Janeiro, São Paulo e outros estados do país. Há muito tempo o relacionamento entre jornais e a galera funk é instável, o que reflete na cobertura jornalística do objeto desta pesquisa, que se insere no campo da Análise do Discurso e mobiliza conceitos como os de formação discursiva, memória discursiva, acontecimento discursivo e narratividade, com respaldo em Pêcheux (1990, 1995, 1999), Foucault (2008) e Orlandi (2005, 2015, 2017). A fim de observar os discursos jornalísticos racializados (MODESTO, 2021), foram mobilizados os conceitos de necropolítica, de Mbembe (2011) e racismo estrutural de Almeida (2018). Para a constituição do objeto de análise deste estudo, foi realizada a organização do arquivo, por meio da coleta de textos jornalísticos encontrados na plataforma online “Google Notícias”, com o emprego do enunciado “Tragédia de Paraisópolis”, em três períodos de tempo diferentes. O primeiro, referente ao dia da tragédia, 01/12/2019, o segundo correspondente ao dia 27/08/2020, data em que o Ministério Público de São Paulo denuncia os policiais por homicídio com dolo eventual, e o terceiro, em 2021, quando a Justiça aceita a denúncia. Para tal estudo, foram escolhidos dois portais de notícia tidos como de referência nacional, sendo eles o R7 e o G1. Já que há a importância de compreender se a cobertura jornalística corrobora no processo de criminalização do funk, é interessante recortar veículos de referência, tendo em vista que o alcance desses portais é expressivo. Com este trabalho pretende-se compreender de que forma a narratividade jornalística “textualiza a memória” (ORLANDI, 2017) quando se trata de acontecimentos relacionados à cultura negra e periférica, tendo como resultado a inscrição dos dois portais em uma mesma formação discursiva de modo que, pelo funcionamento da narratividade, tornou-se possível a observação do processo de criminalização do funk e o apagamento da racialização ante o acontecimento.
Coleções
- TCC Jornalismo [71]
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: