Os efeitos das transições sistêmicas de hegemonia e do capitalismo para as capacidades materiais brasileiras: um mapeamento do processo de mudança das componentes de poder do Brasil (1991-2018)
Resumo
O objetivo geral do trabalho é caracterizar a adaptação estrutural do Brasil às transições sistêmicas em curso. As transições são a hegemônica, entre China e Estados Unidos, e a do capitalismo, materializada, aqui, na mudança nas fases de acumulação e no paradigma tecno-econômico dominante. O problema que guiou a pesquisa foi: quais os efeitos das transições sistêmicas da hegemonia e do capitalismo entre Estados Unidos e China nas capacidades materiais brasileiras? A hipótese geral foi de que a redistribuição sistêmica de poder impactou na mudança das componentes das capacidades materiais brasileiras a partir da difusão de poder. O trabalho justifica-se academicamente pela existência de uma lacuna entre as pesquisas que tratam das capacidades tecnológicas brasileiras e as que tratam do papel do Brasil nas dinâmicas sistêmicas, bem como pela lacuna gerada pela ausência de sínteses sobre as estruturas de poder sistêmicas. O método utilizado foi o histórico-comparativo, a partir de uma comparação intra-caso que utilizou da ferramenta metodológica de mapeamento de processos (process-tracing). A identificação das condições do processo, mapeado no terceiro capítulo se deu a partir do debate teórico promovido no segundo capítulo, sendo a monografia estruturada em dois capítulos de desenvolvimento (2 e 3), além da introdução (1) e da conclusão (4). Os capítulos de desenvolvimento objetivaram, respectivamente: identificar as condicionantes estruturais das transições sistêmicas de hegemonia e do capitalismo (2); e identificar a relação entre as transições sistêmicas e as capacidades materiais brasileiras, a partir do mapeamento de processo (3). A verificação da pertinência dos testes é realizada na conclusão (4). Os resultados da pesquisa apontam que as características das transições e a consequente difusão de poder afetam as componentes das capacidades do Brasil e, por consequência, sua adaptação sistêmica. Essa relação foi verificada a partir da identificação da mudança na pauta exportadora brasileira, que deixou de ser predominantemente composta por bens manufaturados, passando a ter a prevalência de bens primários a partir de 2009, no mesmo ano em que a China superou os Estados Unidos enquanto principal destino das exportações brasileiras. Essa virada na pauta exportadora é representante de uma mudança de componentes de capacidades materiais pelo entendimento do papel da tecnologia como componente de poder e, logo, produtora de assimetrias a partir de processos de exclusão e inclusão desiguais. A variação na intensidade tecnológica da pauta exportadora brasileira impacta em sua inserção nas hierarquias produzidas pelas estruturas da polaridade e do capitalismo, uma vez que a redução no valor agregado pela produção brasileira reduz suas possibilidades de dominação do paradigma tecno-econômico e, consequentemente, de acumulação de poder e ascensão nessas hierarquias.
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