Estudo sobre deslocamento ativo para a escola e atividade física no lazer em adolescentes da região centro-oeste: pesquisa nacional de saúde do escolar, 2019
Resumo
A prática de atividade física (AF) em seus diferentes domínios é considerada uma das principais
estratégias de promoção da saúde e está relacionada à vários benefícios à saúde da população.
Apesar disso, estudos mostram baixas prevalências de adolescentes ativos, e vários fatores
podem estar contribuindo para essas estimativas. Em alguns locais ainda são necessários
estudos para compreender melhor a associação entre características do nível individual e
domínios da AF. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar os fatores associados ao
deslocamento ativo para a escola e à atividade física no lazer em adolescentes brasileiros
residentes na região Centro-Oeste. Foram analisados adolescentes de 13 a 17 anos da região
Centro-Oeste participantes da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, edição 2019. Todos os
dados foram coletados por meio de um questionário auto preenchível pelo adolescente. Foram
considerados ativos no lazer os estudantes que acumularam, no mínimo, 60 minutos por dia,
em cinco ou mais dias da semana e, ativos no deslocamento para a escola, aqueles que referiram
ir e/ou voltar a pé ou de bicicleta em pelo menos cinco dias na semana, independente da duração
do deslocamento. As variáveis independentes incluíram as características demográficas,
socioeconômicas, comportamentais e socioculturais. Na análise dos dados foi realizado a
análise descritiva, o teste de Qui-quadrado, a regressão logística univariada e múltipla e o teste
de qualidade de ajuste dos modelos. A prevalência de ativos no lazer foi 10,8% e no
deslocamento para a escola, 50,0%. No modelo ajustado observou-se que ser do sexo masculino
(OR=3,91; IC95%: 3,18-4,81), apresentar escore de bens e serviços alto (OR=1,37; IC95%:
1,10-1,70) e médio (OR=1,21; IC95%: 1,02-1,43), permanecer menos tempo sentado(a) por dia
(≤3 horas/dia) (OR=1,17; IC95%: 1,02-1,33), consumir frequentemente (≥5 vezes/semana)
frutas/saladas de frutas (OR=1,65; IC95%: 1,41-1,93) e verduras/legumes (OR=1,52; IC95%:
1,31-1,77), ter supervisão familiar na maioria das vezes/sempre (OR=1,36; IC95%: 1,14-1,63)
e não faltar às aulas sem permissão dos pais (OR=1,26; IC95%: 1,03-1,5), aumentou as chances
da prática de atividade física no lazer. Quanto ao deslocamento para a escola, houve maior
chance entre os meninos (OR=1,40; IC95%: 1,26-1,56), aqueles que não residiam com nenhum
dos pais (OR=1,36; IC95%: 1,14-1,61) ou que residiam apenas com o pai (OR=1,29; IC95%:
1,06-1,58) ou apenas com a mãe (OR=1,28; IC95%: 1,16-1,43), cujas mães tinham ensino
médio (OR=1,33; IC95%: 1,17-1,52) e fundamental (OR=1,22; IC95%: 1,04-1,44), que
apresentavam escore de bens e serviços baixo (OR=1,34; IC95%: 1,12-1,60) e médio
(OR=1,24; IC95%: 1,04-1,48) e frequentavam escolas públicas (OR=2,99; IC95%: 2,50-3,59).
Os achados reforçam as desigualdades entre sexos, econômicas e sociais envolvendo os dois
desfechos, que devem ser discutidas e enfrentadas pelos gestores responsáveis.
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