Recuperação funcional coxo-femoral pós-operatória em cães: estudo clínico e biomecânico.
Resumo
A articulação coxo-femoral em cães é a articulação mais freqüentemente lesionada, seja por traumatismo externo ou doenças degenerativas. Muitos estudos têm sido realizados
na avaliação de novas técnicas cirúrgicas, porém, pouco há descrito sobre avaliações em longo prazo. Trabalhos recentes têm utilizado a plataforma de força em marcha como método
objetivo em associação aos demais parâmetros consagrados na avaliação de novas técnicas ortopédicas. Porém, não há estudos utilizando a plataforma em padrão ortostático, como na medicina humana, para avaliação de apoio e transferência de peso. O objetivo deste trabalho foi padronizar o uso da plataforma de força em padrão ortostático em cães, testá-la em pacientes cirúrgicos ortopédicos, e avaliar a recuperação dos pacientes com afecções coxofemorais de resolução cirúrgica, através dos parâmetros clínico e biomecânico por coleta estática. Para isto foi realizada avaliação clínica (graus de claudicação, perimetria da coxa, exame radiográfico) e biomecânica na plataforma de força por coleta estática de 21 cães operados da articulação coxo-femoral com diagnóstico de luxação coxo-femoral traumática, fratura de cabeça e colo femorais ou necrose asséptica da cabeça femoral e 6 cães saudáveis sem histórico de problemas ortopédicos. A plataforma em padrão ortostático mostrou-se um parâmetro objetivo eficiente e mais sensível que os demais em algumas situações, sendo seu uso adequado na avaliação de pacientes ortopédicos. Sua associação aos demais parâmetros
tornou a avaliação da recuperação dos pacientes avaliados mais completa e fidedigna. A recuperação dos animais foi muito boa, visto que a maioria (aproximadamente 70%)
demonstrou estar com a função do membro afetado praticamente restabelecida, com algumas variações individuais, sendo sua recuperação classificada entre excelente e muito boa. Os animais que apresentaram classificação de recuperação de razoável a ruim, não possuíam
tempo suficiente para recuperação, apresentaram complicações ou tiveram sua recuperação atrasada devido à obesidade. Desta forma, conclui-se ser muito bom o prognóstico em longo prazo destas afecções tratadas cirurgicamente através da inserção de pino transacetabular e
excisão artroplástica da cabeça do fêmur; e que a avaliação da recuperação dos animais por estudo clínico e biomecânico (em padrão ortostático) é prática e eficiente.