Diagnóstico e epidemiologia molecular de casos de raiva bovina na região central do Rio Grande do Sul
Fecha
2014-10-20Metadatos
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A raiva é uma doença infecciosa do sistema nervoso central causada pelo vírus da raiva (RabV), que afeta todos os mamíferos. No Brasil a raiva tem causado consideráveis perdas a rebanhos bovinos em diversas regiões. O diagnóstico oficial é realizado pela técnica de imunofluorescência direta (FAT) de forma concomitante com a prova biológica, geralmente a inoculação intracerebral em camundongos (MIT). A MIT é considerada uma técnica sensível, específica e eficaz para o diagnóstico da raiva, porém apresenta desvantagens como o longo tempo para obtenção dos resultados e a necessidade de uso de animais. O primeiro artigo da presente dissertação descreve uma investigação epidemiológica e molecular de surtos de raiva ocorridos na região central do Rio Grande do Sul, entre maio e agosto de 2012. Nesse período, 45 casos suspeitos de raiva foram relatados em 22 rebanhos, localizados dentro de um raio de 4,7km, no município de Pinhal Grande. Desses, 32 amostras foram submetidas para diagnóstico da raiva, sendo que o RabV e/ou antígenos virais foram identificados em 27 amostras. Em um segundo momento, 11 amostras foram submetidas à transcrição reversa - - reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) para o gene da nucleoproteína (N) do RabV, seguido de sequenciamento nucleotídico e análise filogenética. Sete das 11 amostras apresentaram sequências nucleotídicas idênticas e uma apresentou mutação sinônima, não-codificante, indicando uma provável origem comum dos vírus. Por outro lado, três amostras apresentaram mutações que resultaram em alterações de aminoácidos, sugerindo uma origem diferente do vírus. Esses resultados sugerem que RabV de diferentes origens/linhagens co-circulam na região e foram envolvidos nos surtos descritos. O segundo artigo descreve a avaliação da sensibilidade ao isolamento do RabV em linhagens de células de neuroblastoma murino (N2A) e rim de hamster neonato (BHK-21). Para isso, trinta e seis amostras de cérebros bovinos oriundos de casos suspeitos de raiva foram inicialmente submetidas ao teste de FAT e MIT e, subsequentemente, a três protocolos de VI em cada linhagem celular: uma única passagem de 24h e 72h, e três passagens de 48h. O tempo médio necessário para obtenção de resultados finais na MIT foi de 12,3 dias (8-21). A FAT e MIT combinadas detectaram 32/36 amostras positivas. Dessas, a MIT detectou 32 (100%) e a FAT detectou 31 (96,8%). O tempo médio necessário para obter os resultados conclusivos na MIT foi de 12,3 dias (8-21). O isolamento em células BHK-21 resultou em 100% (32/32) de positividade no protocolo de 72h e em 96,9% (31/32) após três passagens de 48h. Em células N2A o isolamento resultou em 100% (32/32) das amostras positivas em 72h e em 30/32 (93,7%) após três passagens de 48h. Uma única passagem de 24h em ambas as linhagens mostrou um baixo desempenho, detectando menos de 40% das amostras positivas. Estes resultados indicam que o isolamento viral em qualquer uma das linhagens representa uma boa alternativa para a MIT como um teste confirmatório para o diagnóstico da raiva em amostras de bovinos, produzindo resultados confiáveis em tempo reduzido.