Biopolítica, gripe a (H1N1) e mídia: o que pode um porco?
Resumo
A presente pesquisa teve como objetivo analisar como a biopolítica perpassa os discursos
midiáticos de um jornal de circulação na região central do estado do Rio Grande do Sul
sobre Gripe A (H1N1), buscando tornar visível como as práticas institucionais e discursivas
atravessam e constituem os sujeitos. Como objetivos específicos, visamos identificar, nas
formas simbólicas do jornal, os modos pelos quais a saúde da população pode se tornar alvo
de um poder sobre a vida; reconhecer os diferentes elementos de disciplinararização dos corpos
ressaltados nas formas simbólicas e averiguar elementos discursivos presentes nas formas
simbólicas que podem estar contribuindo para se fazer viver as biotecnologias. Inicialmente
foi realizada uma revisão teórica sobre as principais referências sobre Soberania, Biopoder,
Disciplina, Biopolítica e Biotecnologias. Após, foram resgatadas informações sobre o desenvolvimento
da epidemiologia enquanto ciência responsável por monitorar a saúde das populações
especialmente nas grandes cidades, passando pelos diferentes paradigmas referentes às
doenças e seus possíveis fatores desencadeantes, até culminar no desenvolvimento da epidemiologia
contemporânea. Segue ainda uma genealogia das pesquisas referentes ao vírus Influenza
e sua propagação pelo globo durante aproximadamente 2000 anos, dando ênfase a cepa
viral A H1N1. As partes seguintes tratam da vacinação da varíola em 1904 e da vacinação da
Pandemia de gripe A (H1N1) no ano de 2009; dos meios de comunicação de massa. Na parte
final apresenta-se a análise das reportagens, atentando para a biopolítica de forma geral e seus
desdobramentos referentes à disciplinarização dos corpos, produção de saber-poder, normalização
da sociedade, indústria farmacêutica e medicalização. Sob uma ótica da genealogia histórica,
que visa o entendimento das condições que possibilitam o surgimento e permanências
de práticas discursivas, foram analisadas um total de 291 reportagens veiculadas durante o
mês de julho de 2009, período este considerado crítico devido ao número de mortes registradas
decorrentes da pandemia da gripe A (H1N1). Como resultado da pesquisa, pode-se observar
a influência que as mídias de massa e as elites simbólicas exercem sobre os sujeitos devido
às construções de material simbólico transmitidos pelos meios de comunicação, que acabam
por surtir efeito não só nos corpos dos sujeitos, mas nas dinâmicas das populações.