Trabalhadores de saúde do serviço de oncologia: prazer, sofrimento e estratégias defensivas
Resumo
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratório-descritiva que teve como
objetivo compreender como os trabalhadores de saúde vivenciam sua prática
profissional com pacientes oncológicos, na perspectiva do prazer, sofrimento e
estratégias defensivas. Participaram do estudo nove trabalhadores da equipe de saúde de
um Centro de Alta Complexidade em Oncologia. Para coleta de dados utilizou-se um
questionário de dados sociodemográficos e entrevistas semi-estruturadas. Para o
tratamento dos dados foi realizada análise de conteúdo. Quanto aos resultados, 90% dos
trabalhadores é do sexo feminino; casada; sem filhos; idade média de 35 anos; todos
com ensino superior completo; tempo de serviço entre um e cinco anos e 77% escolheu
trabalhar no setor. Quanto ao prazer, este se relaciona ao bem estar dos pacientes, à
função que exerce; ao reconhecimento do trabalho realizado e relacionado à
organização do trabalho. Quanto ao sofrimento, os trabalhadores de saúde apontaram o
medo de adoecer (associado ao estigma da doença), de se contaminar ou errar alguma
conduta; dificuldade de conviver com crianças, adolescentes e idosos adoecidos; não
corresponder à expectativa do paciente em termos de curá-lo, salvá-lo ou promover a
melhora do quadro clínico; carga horária massante e número de trabalhadores aquém do
necessário; pacientes com diagnósticos tardios e a falta de cuidado dos municípios de
origem e as dificuldades econômico-operacionais de alguns pacientes para acesso ao
tratamento. Quanto às estratégias defensivas utilizadas pelos trabalhadores, destacam-se
aquelas elaboradas individual e coletivamente pelos trabalhadores. Entre elas são
identificadas como individuais: o afastamento do cotidiano laboral, o não envolvimento
afetivo com os pacientes e a valorização do trabalho que desempenham. Com relação às
coletivas, destacam-se: a necessidade de encontros grupais e o convívio com amigos e
familiares. Desse modo, compreender as vivências dos trabalhadores da área oncológica
é importante para possibilitar intervenções na organização do processo de trabalho.