Influência dos sistemas nanoestruturados na fotoestabilidade e na atividade antioxidante dos compostos fenólicos eugenol, isoeugenol e dehidrodieugenol
Abstract
Atualmente existe um grande interesse no estudo dos antioxidantes devido, principalmente, às descobertas sobre o efeito dos radicais no organismo. Esses radicais são necessários em muitos processos biológicos, mas também podem estar relacionados a processos prejudiciais ao nosso organismo, tais como o estresse oxidativo, o qual está associado a doenças, tais como as neurodegenerativas e cardiovasculares, e ao envelhecimento. Os compostos fenólicos eugenol, isoeugenol e dehidrodieugenol, são fenilpropanóides que apresentam propriedades antibacterianas, anestésicas, analgésicas, antialérgicas e anti-inflamatórias, além de possuírem propriedades antioxidantes, evitando lesões oxidativas de caráter cumulativo. Visando compreender melhor o comportamento desses antioxidantes, este trabalho teve como objetivo avaliar a atividade antioxidante do eugenol, isoeugenol e dehidrodieugenol frente ao radical 1,1-difenil-2-picrilhidrazil (DPPH), bem como a atividade antirradicalar destes compostos frente ao radical hidroxil (gerado fotoquimicamente pela decomposição do peróxido de hidrogênio), preparar nanocarreadores com diferentes organizações estruturais (nanocápsulas e nanoemulsões), e verificar a capacidade destas nanoestruturas em aumentar a fotoestabilidade (radiação UV-C) quando comparadas aos compostos livres em solução, na presença e na ausência do radical hidroxil (HO ). As dispersões de nanocápsulas (NC) e nanoemulsões (NE) foram preparadas pelo método da deposição interfacial do polímero pré-formado (poli-ε-caprolactona) e emulsificação espontânea, respectivamente. Todas as formulações apresentaram uma alta eficiência de encapsulamento, tamanho médio nanométrico, baixo índice de polidispersão, potencial zeta negativo e valores de pH ácido, permanecendo estáveis após 7 meses de armazenamento.
No estudo cinético da fotodecomposição, as soluções dos antioxidantes apresentaram a seguinte estabilidade (na ausência do radical HO ): eugenol > dehidrodieugenol > isoeugenol. As formulações nanoestruturadas protegeram os antioxidantes contra a fotodegradação UV-C, quando comparadas à solução hidroetanólica. A maior estabilidade das nanocápsulas comparada à solução livre pode ser atribuída à alta absorção do poliéster poli-ε-caprolactona na região do UV-C. Na presença do radical HO , o dehidrodieugenol foi o antioxidante com maior atividade antirradicalar, seguido do eugenol e do isoeugenol. Os antioxidantes encapsulados em nanocápsulas e nanoemulsões apresentaram uma prolongada atividade antirradicalar quando comparada com a solução de eugenol e seus derivados.
Os testes de viabilidade celular mostraram que os sistemas nanoestruturados (NC e NE) não foram tóxicos para a concentração de antioxidante de até 1mg mL-1. Esta baixa citotoxicidade das amostras indica que as nanocápsulas e nanoemulsões preparadas neste trabalho podem ser consideradas substratos favoráveis para as células vivas.