Centro Cívico Cruz e Souza: memória, resistência e sociabilidade negra em Lages - Santa Catarina (1918 - 2012)
Abstract
Os Clubes Sociais Negros tiveram exímio papel e atuação incisiva na formação da sociedade brasileira, no que concerne a luta contra a escravidão e a discriminação racial. Com uma concepção ampla e contemporânea, as ações no âmbito do Patrimônio Cultural vêm ultrapassando a monumentalidade e mesmo a materialidade como parâmetro de proteção, para abranger os saberes, as práticas e as manifestações populares, garantindo a preservação da memória dos diferentes grupos sociais que compõem a sociedade brasileira.
O problema que delineia este trabalho versa sobre quais as principais medidas que devem ser tomadas por gestores públicos e o Estado, no que tange à preservação destes territórios que, ao final do século XX e início do XXI, vem procurando sobreviver às intempéries da desarticulação e do descaso, além da perda de identidade cultural e de memória. O trabalho utiliza como metodologia a pesquisa documental e bibliográfica, além de técnicas de história oral e análise dos encaminhamentos finais do 1º Encontro Nacional de Clubes e Sociedades Negras, realizado no ano de 2006 na cidade de Santa Maria RS e que deram origem a novas perspectivas e paradigmas expressos nas demandas da Carta de Santa Maria documento que aponta as diretrizes para as ações de dirigentes clubistas e poder público para os próximos anos. A investigação tem como objetivo principal dar visibilidade a história do Centro Cívico Cruz e Souza de Lages SC, por meio das histórias e memórias dos seus protagonistas, propondo políticas públicas de manutenção e preservação do patrimônio cultural material e imaterial, salvaguarda, fortalecimento e comunicação destes espaços de memória, identidade e resistência negra, à luz de processos museológicos contemporâneos.