A criança e as relações parentais no contexto da separação conjugal: um estudo de caso
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2016-04-29Metadatos
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O presente estudo objetivou investigar a compreensão e as fantasias das crianças acerca da
separação conjugal de seus pais, contextualizando-as nas relações parentais estabelecidas.
Para tanto, realizou-se um estudo exploratório qualitativo composto por um estudo de casos
múltiplos com três famílias de crianças com seis anos, cujos pais estavam separados
conjugalmente há no máximo dois anos, no momento da pesquisa. Para o levantamento de
dados com as crianças, foram utilizados os seguintes instrumentos projetivos: Teste das
Fábulas – versão pictórica e o procedimento de Desenhos de Família com Estórias. Os pais
foram acessados individualmente para uma Entrevista de Dados Sociodemográficos e uma
Entrevista sobre a Separação Conjugal e os Filhos. A referência central na análise dos dados
foi a análise de conteúdo. Com base nos dados, foi possível perceber diferenças na percepção
das crianças a respeito dos significados que as relações parentais assumiram no contexto do
pós-divórcio. Para dois dos participantes, aos pais foi destinada uma posição caracterizada
pela afetividade, ao passo que para três deles a figura das mães ocupava uma posição de
conflito. De modo singular, neste estudo, para uma criança a figura materna foi compreendida
pelos filhos como continente, ocupando o lugar do cuidado. Com relação às fantasias das
crianças no contexto pós-divórcio de seus pais, foram predominantes a fantasia de agressão
deslocada para o ambiente e a fantasia de agregação familiar. Foram presentes também as
fantasias de abandono e de morte, sinalizando o impacto da separação conjugal para os filhos.
Entende-se que as possíveis repercussões para a criança da separação dos pais podem se
manifestar através de desorganizações emocionais, no entanto a qualidade do apego entre as
figuras parentais e as crianças atua como mediadora no momento de grandes mudanças, que
se constitui a separação, caracterizando a desorganização emocional da criança como
transitória ou esperada para o momento de crise que a família vivenciou. Desta forma,
ressalta-se a necessidade de realizar uma escuta da criança no processo de separação dos pais,
viabilizando um espaço para vazão de angústias, dúvidas e fantasias. Uma vez que mesmo
com o envolvimento, afeto e preocupação dos pais o evento da separação conjugal pode gerar
medo e ansiedade na criança, pois ela se encontra em uma posição passiva sobre os eventos
posteriores à decisão de separação.
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