Avaliação da viabilidade econômica da geração de energia elétrica a partir do biogás proveniente da biodigestão de dejetos suínos
Resumen
O crescimento populacional contínuo e o consequente consumo de energia e
alimentos, propicia o desenvolvimento da agroenergia, elevando o potencial das
propensões locais. Em sua produção, o setor agropecuário gera resíduos sem valor
de mercado agregado. A biomassa resultante do confinamento de animais, que no
caso da suinocultura possui elevada carga orgânica, quando disposta na natureza
sem o devido tratamento sanitário culmina em forte passivo ambiental. A biodigestão
desta biomassa com a consequente produção de biogás por meio do tratamento
adequado dos dejetos, pode propiciar o auto-suprimento de energia de propriedades
rurais. Via de regra, isso ocorre de forma econômica, social e ambientalmente
sustentável. A conversão da biomassa em energia, também agrega valor ao
digestato (biofertilizante), e, por conseguinte, produz renda ao produtor rural, ou
seja, transforma um passivo ambiental em um ativo econômico, atendendo as
expectativas do desenvolvimento sustentável com foco na eficiência e na segurança
energética. Este estudo foi desenvolvido em uma Fazenda no estado do Mato
Grosso do Sul. Sua atividade está voltada a suinocultura, com um plantel de 100 mil
suínos distribuídos em 10 granjas, que produz em média 184.645,40 m³/ano de
dejetos, representando um potencial de produção de biogás de 2.921.066,37
m³/ano, que convertido em energia elétrica representa 4.089.492,92 kWh/ano. O
estudo apresenta a análise de viabilidade econômica e financeira para
aproveitamento energético do biogás em moto geradores para geração de energia
elétrica e do biofertilizante produzido em suas dependências para fertirrigação,
considerando seus respectivos usos e benefícios. A geração da energia elétrica
produzida atende as atividades internas da propriedade, o que demonstra uma
possibilidade concreta em tornar a propriedade rural energeticamente sustentável,
reduzindo sua dependência por fontes convencionais de energia. Dessa forma, é
possível concluir que há um potencial de produção de biogás para a geração de
energia elétrica suficiente para suprir 90% da energia consumida na Fazenda e com
um custo evitado na ordem de 78%, que representa R$ 873.823,27/ano. Além disso,
nesse cenário é possível agregar valor ao coproduto do sistema de biodigestão, o
biofertilizante, que representou uma receita econômica de R$ 1.031.816,22 ao ano
na compra de fertilizantes e adubos químicos, além de evitar externalidades
negativas pela disposição inadequada dos resíduos.