Fibras funcionais da linhaça e seus impactos na nutrição de jundiás
Resumo
Este estudo objetivou avaliar a ação prebiótica de fibras funcionais de linhaça com distintas proporções de fibra alimentar solúvel e insolúvel e seus impactos na nutrição e saúde de juvenis de jundiás (6,43g). Para isso, foram concentradas as frações solúvel e insolúvel de fibra da linhaça, a partir da utilização de técnicas físicas e químicas de concentração. Estas frações foram combinadas em diferentes proporções (1:0,5, 1:1, 1:2 e 1:4 fibra solúvel: insolúvel) para obtenção de fibras funcionais, que foram adicionadas a dietas e avaliadas em um ensaio biológico com juvenis de jundiá. O ensaio biológico teve duração de 45 dias e foi realizado em sistema de recirculação de água, composto por 20 tanques (290L), biofiltros e reservatório de água. Neste período os peixes foram alimentados até a saciedade aparente, três vezes ao dia. Ao final do período os peixes foram submetidos a jejum de 18 horas e biometria para coleta de dados de peso, comprimento, coleta de sangue, tecidos (fígado e trato digestivo), muco e digesta para determinação de parâmetros de desempenho, composição e deposição corporal, metabólitos plasmáticos, hepáticos, enzimas digestivas, indicadores imunológicos, histologia intestinal e produção de ácidos graxos de cadeia curta. Após a biometria final os peixes foram mantidos nas unidades experimentais por mais cinco dias e ao final deste período, submetidos a estresse agudo, com posterior coleta de sangue e muco para determinação de metabólitos e indicadores imunológicos. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, composto cinco tratamentos e quatro repetições (600 peixes). Os resultados obtidos foram submetidos à teste de normalidade, seguido por análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. As dietas com as proporções 1:2 e 1:4 proporcionaram maior ganho de peso, taxa de crescimento específico e deposição de proteína bruta corporal aos peixes, proteínas totais circulantes e globulinas, assim como o teor de mucoproteína, imunoglobulinas totais e pH do muco cutâneo. Já os níveis de cortisol e o pH intestinal foram mais baixos nestes tratamentos. A dieta 1:0,5 alterou a atividade de tripsina no intestino dos jundiás e juntamente com a dieta 1:4 proporcionou maior altura das vilosidades intestinais. Enquanto que altura total da vilosidade foi superior para os peixes que receberam fibra de linhaça na dieta, independente da proporção, o inverso foi observado para a espessura da camada muscular. Independente da proporção na dieta, o consumo de fibra de linhaça aumentou as imunoglobulinas totais no plasma e a atividade da fosfatase alcalina no plasma e muco cutâneo. A produção de ácido acético intestinal foi superior nos peixes alimentados com a dieta 1: 2, enquanto que de ácido butírico com a dieta 1:4 e ácido propiônico com a dieta controle. A dieta controle levou a menor contagem de células caliciformes. Após o estresse agudo, os peixes alimentados com as dietas contendo as proporções de fibra solúvel: insolúvel 1: 2 e 1: 4 apresentaram maior teor de proteína total, globulina e atividade de fosfatase alcalina do plasma, além de maior teor de mucoproteína no muco cutâneo dos peixes. Em conclusão, os resultados indicam que a fibra de linhaça tem ação prebiótica imunoestimulante para juvenis de jundiá, sendo que as proporções de 1:2 e 1:4 de fibra solúvel: insolúvel otimizam o sistema imune e a produção de ácidos graxos de cadeia curta, com reflexos positivos sobre o desempenho dos peixes. Além disso, nessas proporções ela ainda age como mitigadora de estresse.
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