Caenorhabditis elegans como modelo experimental para estudos toxicológicos e farmacológicos dos extratos de Luehea divaricata e Paullinia cupana
Resumo
O nematódeo Caenorhabditis elegans é uma valiosa ferramenta para estudos toxicológicos e
farmacológicos. Apesar de seu corpo simples, a maior parte de seus genes e de suas vias de
sinalização são similares às de humanos. Extratos de plantas podem ser úteis na Medicina,
entretanto, poucas espécies foram estudadas. Assim, neste trabalho, foram investigados os
possíveis efeitos tóxicos e farmacológicos do extrato hidroalcoólico das folhas de Luehea
divaricata sobre o sistema nervoso e os possíveis efeitos do extrato hidroalcoólico das
sementes de Paullinia cupana sobre o envelhecimento e a toxicidade induzida por
metilmercúrio (MeHg) utilizando C. elegans. O extrato de L. divaricata demonstrou atividade
antioxidante sobre diferentes prooxidantes in vitro e em C. elegans de maneira distinta. C.
elegans permite estudos de atividade antioxidante em um organismo inteiro, em uma situação
biológica de estresse oxidativo. Esse extrato também aumentou a taxa de batimentos faríngeos
dos nematódeos através de atividade anticolinesterásica e demonstrou maior potencial
farmacológico que seu principal constituinte (rutina), provavelmente devido a efeitos
sinérgicos de seus constituintes. O extrato de P. cupana estendeu o tempo de vida e o tempo
de vida saudável nos nematódeos através de efeito antioxidante e da ativação das vias de
sinalização DAF-16/FOXO e HSF-1, envolvidas no aumento da expressão de genes
relacionados à longevidade e à resistência ao estresse. O efeito foi acompanhado de uma
redução no acúmulo de lipofuscina intestinal e no número de agregados proteicos.
Demonstrou-se ainda que o sistema purinérgico pode ser um novo alvo terapêutico para a
modulação do envelhecimento. O extrato de P. cupana também atenuou os efeitos tóxicos
causados por MeHg aumentando a sobrevivência e diminuindo os distúrbios no
desenvolvimento larval e no comportamento dos nematódeos da cepa skn-1(ok2315),
deficiente na enzima glutationa-S-transferase e consequentemente mais sensível ao estresse
oxidativo. Esse efeito se deve, menos em parte, pelo aumento da expressão de genes
relacionados ao transporte (aat-2) e detoxificação (mtl-1 e mtl-2) do metal e à atividade
antioxidante (sir 2.1 e sod-3), resultando em reparos celulares mais rápidos e eficientes. C.
elegans possibilitou análises simples dos mecanismos envolvidos nos efeitos dos extratos e
direcionou pesquisas futuras.
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