Caracterização dos SCCmec e produção de biofilme em Staphylococcus aureus no Hospital Universitário de Santa Maria
Resumo
Staphylococcus aureus, em especial os resistentes à meticilina (MRSA), são relatados mundialmente como patógenos de elevada prevalência na etiologia de infecções. Sua versatilidade como um importante agente etiológico, resulta da combinação de seus fatores de virulência, destacando-se a capacidade de evadir o sistema imune do hospedeiro, muitas vezes através da produção de biofilmes, bem como de desenvolver resistência a múltiplos antimicrobianos. Nos MRSA a resistência se deve principalmente à presença do gene mecA, carreado em um elemento genético móvel (SCCmec). Desde o surgimento da primeira cepa MRSA, associada ao ambiente hospitalar (HA-MRSA), mudanças significativas na sua epidemiologia puderam ser detectadas, com o aparecimento de cepas resistentes associadas à comunidade (CA-MRSA), que se diferenciam pelos fatores de risco, tipagem dos SCCmec e distribuição dos genes de resistência. Este trabalho objetivou caracterizar as cepas de S. aureus isoladas no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), quanto a tipagem dos SCCmec, bem como avaliar diferentes métodos para determinação da formação de biofilme. Para a tipagem dos SCCmec foram avaliados 113 MRSA, gene mecA positivos em três períodos: 38 (2008), 37 (2011) e 38 (2015) isolados foram obtidos de diferentes espécimes clínicos de pacientes atendidos no HUSM. A tipagem foi realizada através de PCR e o perfil de suscetibilidade através de metodologia automatizada (MicroScan® e Vitek® 2). Verificamos que o SCCmec tipo I foi o mais isolado (39.8%), seguido do tipo IV (23.0%), tipo II (15.1%) e tipo III (6.2%). Isolados não tipadas representaram 15.9%. Quando se analisou a origem das cepas, observamos a prevalência das HA-MRSA (72.6%) sobre as CA-MRSA (27.4%). Todos os MRSA foram multirresistentes, apresentando altas taxas de resistência à clindamicina e eritromicina, além de diminuição significativa da resistência para gentamicina, rifampicina e sulfametoxazol-trimetoprima. Houve 100% de sensibilidade à vancomicina e linezolida. Para a determinação da produção de biofilme, avaliamos 132 S. aureus do ano de 2011 no HUSM. Foram testados o Método de microtitulação em placa (MtP), considerado padrão ouro, além do Método do tubo (TM), Método do Ágar Vermelho Congo (CRA) e pesquisa dos genes icaA, icaC e icaD. O perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos das estirpes produtoras de biofilme foi realizado através das técnicas de Difusão do Disco e Microdiluição em Caldo. Em 42/132 (31.8%) foram detectadas a produção de biofilme por uma ou mais das 4 metodologias testadas. O MtP foi considerado superior à TM e ao CRA, já que detectou 31/132 (23.5%) isolados produtores de biofime. No TM houve positividade em 9/132 (6.8%) e no CRA em apenas 1 amostra (0.8%). Genotipicamente detectamos que nossos isolados possivelmente produzem biofilme por mecanismo ica-independente. De forma geral esses isolados produtores de biofilme foram bastante sensíveis aos antimicrobianos testados. Através destes resultados podemos concluir que no HUSM houve predomínio de cepas HA-MRSA multirresistentes, sendo o tipo I o mais circulante. Além disso, quando comparados ao método padrão, o TM, CRA e a pesquisa dos genes icaA, icaC e icaD não se mostraram métodos confiáveis na identificação de estirpes produtoras de biofilme em nossos isolados.
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