Estresse ocupacional em policiais militares: adaptação e validação transcultural no Brasil das escalas PSQ-OP e PSQ-ORG
Resumo
Entende-se por estresse ocupacional o processo em que o indivíduo percebe situações do trabalho como estressoras e que, ao exceder sua capacidade de enfrentamento, provoca reações negativas no indivíduo. O entendimento se determinada situação é estressora se dá de forma individual e particular. Cada profissional tem uma percepção diferente do que considera ou não um fator estressor relacionado ao trabalho. O que pode parecer um desafio positivo para um pode parecer uma ameaça para outro. Frente a essa realidade, têm-se os policiais militares, que enfrentam, diariamente, situações que podem desencadear o estresse. No Brasil, não havia escala para mensurar o nível de estresse no trabalho dos policiais militares. Assim, no intuito de preencher esta lacuna, fez-se necessário uma medida psicométrica confiável, válida e objetiva. O objetivo geral deste estudo consiste em realizar a adaptação transcultural e a validação das Escalas PSQ-Op e PSQ-Org, propostas por McCreary e Thompson (2006), ao contexto dos policiais militares brasileiros. Para tanto, realizou-se uma pesquisa exploratório-descritiva de caráter qualitativo e quantitativo e como estratégia o uso de uma survey. A adaptação transcultural foi constituída das seguintes fases: tradução inicial; síntese das traduções; back translation; revisão por Comitê de Especialistas e pré-teste. Finalizado, o pré-teste obteve-se a versão final dos instrumentos PSQ-Op e PSQ-Org que foram submetidos à verificação de suas propriedades psicométricas. Para isso, aplicou-se a pesquisa em uma amostra de 715 policiais militares do estado do Rio Grande do Sul. Os dados foram analisados com o uso do software RStudio versão 3.5.2. Confirmou-se a unidimensionalidade das duas escalas, e o Alpha de Cronbach demonstrou a excelente consistência interna com índices superiores a 0,9. Para o processo de validação, realizou-se estatística descritiva, análise fatorial dos dados, as técnicas da Teoria Clássica dos Testes (TCT) e da Teoria de Resposta ao Item (TRI). Iniciaram-se os ajustes do Modelo de Resposta Gradual (MRG) e verificaram-se os índices de discriminação satisfatórios das duas escalas, permanecendo, assim, todos os itens da escala original. Com a análise dos parâmetros de dificuldade, identificou-se que a maioria dos itens das duas escalas foram avaliadas com nível moderado de estresse, assim como a Função de Informação dos Itens (FII), a Função de Informação do Teste (FIT) e os níveis âncoras das escalas PSQ-Op e PSQ-Org. Na estatística descritiva, obteve-se o nível médio de estresse operacional e nível médio de estresse organizacional. Os resultados da aplicação da escala PSQ-Op demonstraram que os três estressores que contribuem significativamente para o nível médio de Estresse Operacional dos policiais militares pesquisados foram: 1) risco de ser ferido no trabalho; 2) burocracia; e 3) problemas de saúde relacionados à ocupação. Da aplicação da escala PSQ-Org identificaram-se os três estressores que contribuem para o nível médio de Estresse Organizacional, que são: 1) escassez de pessoal; 2) falta de recursos; e 3) burocracia excessiva. Conclui-se que o estudo atendeu o objetivo proposto, visto que realizou a adaptação transcultural e a validação das escalas PSQ-Op e PSQ-Org para mensurar os níveis de estresse em policiais militares brasileiros. De posse dos resultados da aplicação das escalas, é possível intervir por meio de estratégias de prevenção e tratamento, visando auxiliar tais profissionais a vivenciarem o rigor da profissão. Espera-se que tais ações tenham resultados positivos para o indivíduo, familiares, corporação e sociedade em geral. Por fim, acredita-se que se contribuiu para o avanço dos estudos de tal temática.
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