Vaccinium ashei reade: da análise fitoquímica das folhas ao desenvolvimento de nanopartículas e avaliação das atividades antioxidante e antidepressiva
Resumo
O cultivo e comercialização do Vaccinium ashei Reade, conhecido como mirtilo, tem se tornado cada vez mais popular devido às propriedades nutricionais e farmacológicas vinculadas ao seu consumo. Apesar do interesse comercial estar voltado aos frutos, estudos tem demonstrado que as folhas, as quais apresentam elevados teores de compostos fenólicos, tem sido relacionadas a diversas atividades biológicas. Sendo assim, o presente trabalho avaliou, primeiramente, a influência do período de coleta e da cultivar sobre o perfil de compostos fenólicos, bem como a atividade antioxidante de folhas de V. ashei. A segunda etapa concentrou-se na avaliação da atividade antidepressiva do extrato hidroalcoólico de folhas de V. ashei da cultivar Climax (coleta de dezembro/2013) (EHV1) através da avaliação da administração aguda (10, 25 e 50 mg/Kg, v.o.) sobre o tempo de imobilidade dos animais pelo Teste de Natação Forçada (TNF) e Testes de Suspensão pela Cauda (TSC). Além disso, o efeito da administração crônica (50 mg/Kg, v.o.) foi avaliado empregando-se o Teste de Estresse Crônico Moderado e Imprevisível (ECMI). Por fim, foram desenvolvidas nanoestruturas usando Eudragit® RS100 pelo método nanoprecipitação contendo extrato hidroalcoólico de folhas de V. ashei da cultivar Climax (coleta de março/2014) (EHV2). As nanopartículas (NPEHV) foram caracterizadas e avaliadas quanto aos efeitos antioxidantes. Além disso, a atividade antidepressiva (1, 2,5, 5, 10 e 25 mg/Kg, v.o.) e o envolvimento de neurotransmissores monoaminérgicos foram avaliados in vivo. Os resultados demonstraram que o perfil qualitativo das folhas de V. ashei apresentou similaridade na composição, contudo a proporção de cada composto fenólico, bem como a atividade antioxidante foi influenciada pela cultivar e pelo período de coleta. Além disso, a administração aguda de EHV1 (50 mg/Kg, v.o.) reduziu significativamente o tempo de imobilidade dos animais no TNF e TSC, sem alterar a atividade locomotora no teste de campo aberto. O tratamento crônico de EHV1 (50 mg/Kg, v.o.) também foi capaz de reverter o comportamento do tipo depressivo e o tempo de imobilidade dos animais no TNF, sem alterar o peso corporal, parâmetros hematológicos e concentração de glicogênio hepático e cerebral dos animais submetidos ao regime de estresse. Estes resultados não foram observados após a administração aguda de EHV2 (50 mg/Kg, v.o.). Contudo, a nanoencapsulação de EHV2 foi capaz de promover os efeitos antioxidantes e a atividade antidepressiva, envolvendo neurotransmissores dopaminérgicos e noradrenérgicos. As NPEHV apresentaram características físico-químicas compatíveis com os nanosistemas. Sendo assim, os resultados indicam um potencial terapêutico com a possibilidade de desenvolvimento de uma nova formulação com alto valor agregado para as folhas de V. ashei, consideradas subprodutos do cultivo dos frutos.
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