Impacto da idade do policial rodoviário federal no perfil e evolução de afastamentos para licença de saúde: um estudo de coorte retrospectiva
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Data
2019-08-15Primeiro membro da banca
Barbisan, Fernanda
Segundo membro da banca
Duarte, Thiago
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Introdução: Se por um lado o envelhecimento populacional se apresenta como algo a ser comemorado, por outro é um grande desafio na atualidade. As mudanças demográficas decorrentes do envelhecimento impactam áreas como saúde, trabalho e previdência social, temas efervescentes no Brasil atual, por ocasião das mudanças, em curso, nas regras para aposentadoria. Um dos fatores externos que influenciam na velocidade e qualidade do envelhecimento é a exposição a fatores estressantes, inclusive aqueles relacionados a atividade ocupacional. Entre as profissões com esta característica, está a de Agente da Polícia Rodoviária Federal (APRF), uma vez que o estresse é intrínseco as atividades laborais, potencializando a aumento do risco de doenças crônicas não-transmissíveis. Este contexto tem consequências negativas para o servidor e instituição, como diminuição da produtividade e da qualidade do trabalho, aumento do absenteísmo, incapacidade temporária, aposentadoria precoce e esperança de vida menor. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), através de aspectos gerenciais como a idade, pode estar contribuindo para isso, uma vez que não há limite etário para ingresso e aposentadoria, diferente de outras instituições policiais. Entretanto, faltam estudos sobre o tema que subsidiem o aprimoramento desta profissão. Portanto, este trabalho buscou identificar se, variáveis como idade do servidor, idade ao ingressar na carreira e tempo de serviço, tem associação com licenças de saúde (LS), o que pode expressar as condições de trabalho destes trabalhadores. Objetivos: Analisar o impacto da idade de homens e mulheres APRF no perfil e evolução dos afastamentos para LS entre o período de 2014 a 2018, e sua interação com outros fatores intervenientes. Métodos: Foi realizada a análise de uma coorte retrospectiva, através das fichas funcionais dos 8399 APRF de todo Brasil, ativos entre 01/01/2014 e 31/12/2018. Foram utilizadas como variáveis descritivas idade, sexo, dias de LS e tempo de serviço, e como variáveis de estudo a LS e a idade de ingresso. A evolução da distribuição de afastamentos por LS foi feita por regressão linear. A população foi categorizada em indivíduos que solicitaram ou não LS comparando-se as diferenças principais entre os mesmos. As comparações estatísticas foram feitas via as seguintes análises não paramétricas: comparação de amostras independentes por teste de Wilcoxon-Mann-Whitney, teste de medianas via análise de Kruskall-Wallis, análise de categorias por Qui-quadrado ou o teste exato de Fisher. Para identificar possíveis variáveis intervenientes entre LS e idade do servidor foi realizada regressão logística multivariada modelo Backward Wald, o que permitiu cálculo de risco relativo das variáveis preditoras de LS. Os testes estatísticos foram considerados significantes quando os valores de p<0,05. Resultados: A idade média dos homens foi 41,21 ± 7,49 (mediana = 40,7), das mulheres foi 39,76 ± 8,32 (mediana = 38). O perfil demográfico e funcional entre os sexos mostrou diferenças, incluindo maior frequência de homens com idades ≥ 40 anos. Um número relativamente alto de ambos os sexos se afastou no período, porém, a evolução permaneceu estável, sendo 45,7 ± 9,3% a média anual dos afastados. A idade impactou significativamente a frequência e o tempo de LS em dias, sendo similar entre os sexos. A associação entre idade e LS foi independentemente da idade de ingresso na carreira, da região de lotação e da sua classe funcional. O Risco Relativo de APRF com > 60 anos se afastarem pelo menos uma vez ao ano é 2,28 e 1,55 vezes maior para homens e mulheres, respectivamente, quando comparado com as faixas etárias mais jovens. Conclusão: A idade impactou significativamente a frequência e o tempo de LS. Os resultados corroboram a sugestão de que o tempo de serviço policial é limitado, provavelmente por aspectos específicos das funções realizadas. Estes resultados podem auxiliar na organização da gestão de pessoas da PRF, principalmente no sentido de minimizar o impacto da interação trabalho-idade-saúde destes trabalhadores e otimizar a eficiência nos serviços prestados à sociedade.
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