Suscetibilidade in vitro e in vivo de Pythium insidiosum frente a antibacterianos (macrolídeos, oxazolidinonas e pleuromutilinas) e miltefosina
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Data
2018-08-20Primeiro membro da banca
Fuentefria, Alexandre Meneghello
Segundo membro da banca
Pereira, Daniela Isabel Brayer
Terceiro membro da banca
Santurio, Janio Morais
Quarto membro da banca
Botton, Sônia de Ávila
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A pitiose é uma infecção causada pelo oomiceto Pythium insidiosum que acomete seres humanos e outros mamíferos selvagens e domésticos, apresentando dificuldades tanto no diagnóstico quanto no tratamento. Os casos de pitiose não respondem satisfatoriamente aos fármacos antifúngicos devido a particularidades da parede e da membrana celular de P. insidiosum, tal como a ausência de ergosterol, o qual é principal alvo destes fármacos. Devido as dificuldades no tratamento, a excisão cirúrgica é uma abordagem muitas vezes necessária, mas apresenta recidiva de aproximadamente 40%. Além disso, o uso de imunoterápicos oriundos do cultivo do próprio microrganismo demonstram boa atividade terapêutica em equídeos, mas tem atividade variada em outros animais e seres humanos. Não existe, portanto, uma abordagem farmacológica padrão totalmente eficaz para o tratamento da pitiose. Neste contexto, o presente projeto tem como objetivos: (i) realizar uma triagem in vitro da atividade anti-P. insidiosum com diversas classes de antibacterianos; (ii) avaliar a atividade antimicrobiana in vitro de antibacterianos das classes dos macrolídeos, oxazolidinonas e pleuromutilinas e do antiparasitário miltefosina contra P. insidiosum; (iii) padronizar um novo modelo de pitiose experimental utilizando camundongos Swiss imunossuprimidos com ciclofosfamida; (iv) avaliar a eficácia in vivo, em modelo de pitiose em camundongos, dos antibacterianos com menores Concentrações Inibitórias Mínimas (CIMs) observadas nos testes in vitro; (v) avaliar a eficácia da miltefosina no tratamento da pitiose em modelo de pitiose experimental em coelhos. Os resultados alcançados neste estudo são: (i) a triagem da atividade anti-P. insidiosum mostrou que, com exceção dos fármacos aminoglicosídeos, todos os antibacterianos inibidores da síntese proteica apresentaram atividade anti-P. insidiosum e os antimicrobianos com mecanismo distinto da inibição da síntese proteica não demonstraram atividade antimicrobiana contra P. insidiosum, exceto pela cetrimida, cristal violeta e nitrofurantoína; (ii) na avaliação da suscetibilidade in vitro de 29 cepas de P. insidiosum e 1 cepa de P. aphanidermatum foram observadas as menores CIMs / Concentrações Oomicidas Mínimas (COMs) (em μg/mL) para a azitromicina (1-32/4-32), claritromicina (0,5-64/1-64), linezolida (1-64/8-64), sutezolida (4-64/4-64), retapamulina (0,25-32/0,5-64), valnemulina (0,25-16/0,25-32) e miltefosina (0,5-4/0,5-4); (iii) a avaliação do protocolo de imunossupressão induzida por ciclofosfamida (2 doses de 100 mg/Kg, 4 e 1 dia antes da infecção) em camundongos Swiss, demonstrou ser este um modelo efetivo para a indução experimental da pitiose sistêmica/vascular com índice de mortalidade de 70%; (iv) a avaliação da eficácia do tratamento dos camundongos com pitiose experimental através da análise de sobrevivência mostrou que a azitromicina (50 mg/kg/12/12h) foi efetiva em reduzir a mortalidade de 70% (não tratados) para 20%; o tratamento com miltefosina não influenciou significativamente a mortalidade comparado ao controle doença (60% e 70%, respectivamente); (v) a miltefosina (2 mg/Kg/dia) apresentou atividade limitada no tratamento de coelhos experimentalmente infectados com P. insidiosum, com redução da progressão das lesões subcutâneas quando comparado ao controle mas sem alcançar a cura clínica dos animais. A partir destes resultados podemos concluir e sugerir que os fármacos antibacterianos que agem através da inibição da síntese proteica são compostos que tem potencial antimicrobiano para uso no tratamento da pitiose animal e humana. Estudos futuros com a avaliação dos parâmetros farmacocinéticos e farmacodinâmicos de tratamentos com os fármacos propostos em modelos experimentais de pitiose e a avaliação da combinação destes tratamentos com a imunoterapia anti-P. insidiosum são necessários e direcionarão a escolha das melhores classes de fármacos para o tratamento da pitiose.
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