O estilo de vida e o envelhecimento de professoras sem filhos/as
Resumo
Observamos que as configurações familiares vêm sofrendo mudanças ao longo do tempo, o
número de casais e mulheres sem filhos/as vem aumentando e o envelhecimento populacional
cresce vertiginosamente no nosso país. Essas mudanças refletem outros interesses,
experiências e estilos de vida possíveis às mulheres que se afastaram de uma representação
ainda tão forte em nossa cultura, a maternidade. Assim, objetivamos analisar o estilo de vida
de professoras sem filhos/as e sua relação com o processo de envelhecimento. Participaram 15
professoras, sendo 8 da Educação Básica e 7 do Ensino Superior, com idades entre 50 e 67
anos, que não tiveram filhos/as, residentes na cidade de Santa Maria/RS. As professoras
foram selecionadas intencionalmente a partir da técnica snowball sampling. Nesta pesquisa
qualitativa aprovada pelo Comitê de Ética, realizamos entrevistas semiestruturadas em
profundidade, as quais foram transcritas literalmente e após organizadas e interpretadas a
partir da análise de conteúdo. Os resultados foram apresentados em dois artigos, sendo que o
primeiro deles objetivou conhecer as trajetórias até a não-maternidade visibilizando o estilo
de vida dessas professoras, discutindo as possíveis mudanças sentidas no processo de
envelhecimento e a relação filhos/as e o cuidado na velhice. Evidenciou-se que para a maioria
das professoras a maternidade não ocupava o centro dos seus projetos de vida, mas sim, os
estudos e o trabalho, o que gerou um estilo de vida mais livre, onde o tempo para si é
valorizado, bem como as atividades sociais. Elas consideram que filhos/as não são e não
devem ser vistos como garantia de cuidados na velhice, mas que a condição econômica é um
fator determinante para proporcionar maior ou menor qualidade de vida nessa fase. O segundo
artigo objetivou conhecer as afetividades e seus desdobramentos na vida das professoras,
compreender suas relações com o trabalho e como lidam e/ou projetam suas aposentadorias.
Constatou-se que a maior parte das professoras considera as amizades fundamentais em suas
vidas e que buscam nutri-las, o trabalho ocupa um espaço privilegiado e alimenta inúmeros
projetos a serem realizados, enquanto que algumas veem a aposentadoria como algo muito
distante, pois querem continuar trabalhando por muito tempo ainda, outras consideram que ela
representa novas oportunidades de aprendizagens e experiências. Por fim, em ambos os
estudos, não se observou diferenças contundentes nos estilos de vida e nas representações
acerca da não-maternidade e do envelhecimento na comparação entre as narrativas das
professoras de Educação Básica e as do Ensino Superior. A temática desse estudo é de grande
relevância, pois aborda questões contemporâneas que envolvem novas configurações sociais e
rompe com estereótipos que apontam a maternidade como um destino para as mulheres,
visibilizando outros estilos de vida e novos projetos de envelhecimento.
Coleções
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: