Toxoplasmose congênita: seguimento do primeiro ano de vida de lactentes provenientes de surto na cidade de Santa Maria – RS em 2018
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Data
2021-04-09Primeiro membro da banca
Rossi, Alvaro Garcia
Segundo membro da banca
Riesgo, Rudimar dos Santos
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Toxoplasmose congênita é uma doença grave, geralmente assintomática
ao nascimento, mas que pode causar sequelas oculares, como coriorretinite e
neurológicas, como calcificações cerebrais e microcefalia. O surto de
toxoplasmose ocorrido em Santa Maria, RS, em 2018, foi considerado o maior
surto mundial da doença, até o momento e, consequentemente, com o maior
numero de lactentes acometidos. Objetivo: Avaliar os lactentes portadores de
toxoplasmose congênita provenientes de surto ocorrido na cidade de Santa
Maria – RS, no ano de 2018. Método: Estudo longitudinal analítico, de coorte,
envolvendo os lactentes diagnosticados com toxoplasmose congênita durante o
ano de 2018, na cidade de Santa Maria - RS, e em seguimento no ambulatório
de Infectologia Pediátrica do Hospital Universitário de Santa Maria. Realizado
em duas etapas: retrospectiva, com coleta de dados secundários de
prontuários, e prospectiva, com avaliação oftalmológica e do desenvolvimento
neuropsicomotor (DNPM) durante consultas de seguimento aos 9 e 12 meses
de idade. Resultados: Do total de lactentes, 75% tinham comorbidades além
da toxoplasmose congênita, sendo que um (5%) foi a óbito aos 5 meses por
complicações de toxoplasmose congênita. Aos 9 meses, 33,4% dos lactentes
apresentavam DNPM adequado, 61,1% estavam em risco de atraso e um
(5,5%) apresentava atraso do DNPM. Aos 12 meses, 55% apresentavam
DNPM adequado, 30% risco de atraso e 10% atraso do DNPM. Todos os
lactentes com DNPM adequado aos 9 meses tinham TC crânio normal ao
nascer; 75% das crianças com risco de atraso no DNPM aos 9 meses tinha TC
crânio alterada ao nascer, assim como 100% das classificadas em atraso (p =
0,058). Aos 12 meses, 28,6% das crianças com DNPM normal tinham TC
crânio alterada ao nascer, assim como 100% das crianças com risco ou em
atraso (p=0,051). Na avaliação inicial, ao nascer, 65% dos recém-nascidos não
apresentava alteração ocular e 35% já apresentavam lesão, sendo coriorretinite
a mais frequente. Durante o seguimento, observou-se aumento no percentual
de lactentes com lesão ocular para 70%. Das crianças que não toleraram o
tratamento, nenhuma mostrou lesão ocular no seguimento (p=0,11), e apenas
uma mostrou risco/atraso no DNPM aos 12 meses. Foi observada boa
tolerância ao tratamento em 87,5% das crianças com DNPM alterado (p=0,73).
Conclusão: A toxoplasmose congênita teve impacto importante, mostrando
envolvimento ocular e neurológico em mais da metade das crianças estudadas.
Não foi possível observar associação significativa entre baixa tolerância ao
tratamento e maior índice de alteração ocular e no desenvolvimento
neuropsicomotor.
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