A percepção de mulheres que fizeram tratamento para câncer de mama sobre seu processo de adoecimento
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Data
2021-03-30Primeiro membro da banca
Gonçalves, Camila dos Santos
Segundo membro da banca
Jobim, Flavio Cabreira
Terceiro membro da banca
Quintana, Alberto Manuel
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O câncer de mama é uma doença originada devido à multiplicação desordenada das células da
mama, gerando células anormais que se multiplicam e originam o tumor. É o tipo de câncer que
mais acomete às mulheres, sendo a principal causa de morte entre elas, dentre as oncológicas.
O tratamento envolve técnicas conservadoras e modalidades radicais, que aumentam o risco de
prejuízo e limitações funcionais, causando inúmeras mudanças em suas vidas, tanto no que diz
respeito às atividades desempenhadas como também quanto aos seus relacionamentos
interpessoais e sua sexualidade. O objetivo da pesquisa foi analisar as experiências e vivências
geradas na vida de mulheres após o diagnóstico e tratamento inicial do câncer de mama em
várias dimensões de suas vidas, por meio de uma entrevista semiestruturada em profundidade
e uma abordagem qualitativa (História Oral temática), com análise de conteúdo. Participaram
nove mulheres, entre 30 e 50 anos, com o diagnóstico de câncer de mama e que realizam
tratamento em serviço público ou privado há, no máximo, três anos. Os resultados mostraram
que a maioria das pacientes recebeu a comunicação do diagnóstico, com apoio, acolhimento e
uma fala cuidadosa do profissional. Foram poucas as que receberam a notícia de uma maneira
mais técnica e objetiva. Os sentimentos e pensamentos vivenciados frente ao diagnóstico foram:
medo; pensamentos relacionados à morte; negação da doença; tristeza; vergonha; preocupação
em depender da família e a preocupação com o sofrimento dos familiares. A maioria teve o
suporte da família e dos amigos. Além disso, observou-se, por um lado, o afastamento de
algumas pessoas e, por outro, que a doença e o tratamento trouxeram uma possibilidade de
conhecer pessoas e fazer novas amizades, principalmente com pessoas com o mesmo problema.
A vida social após o tratamento sofreu mais influências da pandemia do Coronavírus do que
pela doença em si. Antes da doença, as mulheres tinham uma vida social mais ativa, mas,
durante o tratamento, nas semanas de quimioterapia, ficavam mais restritas devido aos efeitos
colaterais. O câncer de mama proporcionou, para muitas delas, maior união e amadurecimento
em sua vida afetiva. No entanto, duas mulheres não tiveram apoio afetivo, mas, apesar disso,
receberam do companheiro ajuda com os filhos, cuidados com as tarefas da casa e apoio
financeiro enquanto foi necessário, pois, posteriormente ocorreu a separação do casal. Sobre a
vida sexual, duas participantes tiveram dificuldades em falar e preferiram não responder às
perguntas sobre o tema, já outras referiram os seguintes impactos: menopausa induzida;
ressecamento vaginal; dores durante o ato sexual; dificuldade em atingir o orgasmo; diminuição
da libido; influência de questões estéticas e emocionais; e debilitações. A mastectomia é um
processo difícil, mas também é uma possibilidade de cura. A reconstrução mamária causa certa
tranquilidade. Os recursos utilizados devido à perda do cabelo foram o uso de perucas, lenços
e toucas. Foi observado o apoio das pessoas do ambiente laboral, quando retornaram, e as
limitações físicas causadas pela doença. Como estratégias de enfrentamento, a fé e o apoio de
outras pacientes fizeram-se essenciais.
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