Percepção de trabalhadores sobre conflitos interpessoais com idosos institucionalizados
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Data
2019-10-30Primeiro membro da banca
Santos, Naiana Oliveira dos
Segundo membro da banca
Leite, Marines Tambara
Metadata
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A institucionalização dos idosos retrata uma realidade desencadeada por questões
epidemiológicas, demográficas, de saúde e sociais. A presença de rotinas institucionais
delineiam a ocorrência e intensidade dos conflitos. Tal problemática integra o cotidiano do
cuidado de profissionais que atuam nesse local. Este estudo teve como objetivo geral: analisar
a percepção de trabalhadores de uma instituição de longa permanência para idosos acerca da
ocorrência de conflitos interpessoais com idosos institucionalizados. E como objetivos
específicos: descrever as situações de conflitos interpessoais no cotidiano de idosos
institucionalizados e descrever como os trabalhadores lidam com as situações de conflitos
interpessoais de idosos institucionalizados. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e
exploratória realizada em uma instituição de longa permanência para idosos localizada na
região central do Estado do Rio Grande do Sul. A coleta dos dados ocorreu por meio de
entrevista semiestruturada, cujos dados foram analisados conforme análise de conteúdo
temática da proposta operativa de Minayo. A pesquisa foi aprovada com Certificado de
Apresentação para Apreciação Ética 67059417.5.0000.5346. Os dados demonstraram uma
naturalização, por parte dos trabalhadores, do processo de “mortificação do eu” sofrida pelos
idosos e desencadeada pela institucionalização. As situações de conflitos emergem em razão
da resistência do idoso a esse processo: contra as perdas da identidade, autonomia,
privacidade, individualidade e liberdade. Nessas tentativas de resistência, surgem disputas por
espaços identitários e afrontas à masculinidade. Os trabalhadores percebem essas tentativas
como manifestações de insatisfação dos idosos com o atendimento dos profissionais, com os
alimentos ofertados e em outros âmbitos da instituição. Outras situações de conflito sucedem
quando os idosos comportam-se de forma alterada pela presença de sintomas de demência e
tem suas atitudes contrariadas pelos demais. Para lidar com os diversos conflitos, os
trabalhadores utilizam como abordagens o diálogo, a argumentação e a persuasão. As
finalidades do diálogo variam entre advertências, conciliações e negociações. Diante da falta
desses recursos estratégicos, eles empregam a coação. Quando há existência de conflitos
recorrentes com violência física, até envolvendo ameaças à vida, os profissionais fazem uso
de distanciamentos para afastá-los e a retirada de objetos cortantes. Conclui-se que a
banalização da “mortificação do eu” infligida ao idoso, pelas normas vigentes – tal como “a
lavanderia de identidades” – impossibilita uma resolução definitiva dos conflitos pelas
estratégias dos trabalhadores: perpetuando a ocorrência de conflitos.
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