As memórias do trauma na reconfiguração da história em K. Relato de uma busca e Os visitantes, de Bernardo Kucinski
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Data
2020-10-23Primeiro membro da banca
Umbach, Rosani Úrsula Ketzer
Segundo membro da banca
Porto, Luana Teixeira
Terceiro membro da banca
Pereira, André Luis Mitidieri
Quarto membro da banca
Ourique, João Luis Pereira
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Este estudo visa a refletir, a partir do corpus constituído pelas obras K. Relato de uma busca (2011) e Os visitantes (2016), de Bernardo Kucinski, sobre a constante necessidade de se repensarem alguns fatos históricos recentes do Brasil. O primeiro livro aborda a tragédia familiar que assolou a família do escritor durante o período ditatorial, referindo-se ao desaparecimento de sua irmã Ana Rosa Kucinski Silva e de seu marido Wilson Silva, vítimas da repressão. O segundo retoma aspectos referentes às questões do desaparecimento já levantadas no primeiro, porém com foco em discussões e em reflexões que direcionam à revisão de informações, à correção e à atualização das versões e das “verdades” abordadas e consideradas na primeira obra, insinuando, com isso, a urgência de um pensamento reflexivo, atento e voltado para a necessidade constante de atualização da história dos acontecimentos. Frente à escrita fragmentária e ao testemunho que caracterizam essas obras, as discussões, ainda, versam em torno do papel da ficção frente ao resgate e à preservação da memória silenciada do passado, como um trabalho de memória individual, mas, ao mesmo tempo, representativo de uma coletividade; sobre as dificuldades que se impõem frente a essa tarefa, imanentes à questão do trauma que as origina e as caracteriza; e acerca da forma como as marcas deixadas pelo contato com o “real” ocasionado pela Ditadura Militar (1964-1985) são representadas na escrita ficcional. A questão do luto impedido ocasionado pelos desaparecimentos durante o período militar brasileiro também é discutida, uma vez que se percebe que, frente ao impedimento dos rituais fúnebres ocasionado pela negação da devolução dos corpos das vítimas, a ficção pode exercer um papel alternativo à ritualização do luto, bem como no abrandamento da dor da perda, já que permite a materialização de um lugar de memória à vítima, lugar esse impossibilitado diante da inexistência da sepultura. Para dar conta das referidas abordagens, busca-se respaldo em referências como Walter Benjamin, Sigmund Freud, Giorgio Agamben, Paul Ricceur, Jeanne Marie Gagnebin, Márcio Seligmann-Silva, Enrique Serra Padrós e Eurídice Figueiredo, entre outros.
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