Sistemas pecuários patronais e não patronais: uma perspectiva comparada do produto e aceitação pelo mercado consumidor
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Data
2022-01-21Primeiro coorientador
Vaz, Ricardo Zambarda
Primeiro membro da banca
Andreatta, Tanice
Segundo membro da banca
Fontoura Júnior, José Acélio Silveira da
Metadata
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A complexidade do meio rural é devida, em grande parte, à heterogeneidade de sistemas produtivos e, dentro destes sistemas é possível classificá-los pela utilização ou não de mão de obra remunerada dentro das propriedades. Especificamente, os sistemas pecuários não patronais mantêm, ainda, a característica de serem mais tradicionais em sua produção com o propósito de assegurar a autonomia do grupo familiar, o que pode, muitas vezes, acarretar em indicadores produtivos piores. Entretanto, apesar das limitações que essa categoria encontra, ela possui grande relevância social, econômica e ambiental, tornando importante a compreensão da dinâmica de funcionamento desses ambientes e seu possível reflexo diante do âmbito da indústria frigorifica e frente ao mercado consumidor. Neste sentido, este trabalho tem por objetivo analisar e comparar características de carcaças oriundas de sistemas não patronais e patronais, bem como identificar a percepção de consumidores quanto ao sistema não patronal e seu produto. A pesquisa realizou-se por meio de duas etapas: análise de banco de dados e um questionário. Para análise de dados, foram coletados em uma indústria frigorífica, localizada no centro do Estado do Rio Grande do Sul, dados de abate durante os anos de 2010 a 2013. Foram utilizados dados de
486.361 bovinos abatidos, sendo 49.029 bovinos provenientes de pecuaristas não patronais e
437.332 oriundos de pecuaristas patronais, em que foram avaliadas características de peso de carcaça fria, dentição, grau de acabamento e programa de qualidade. A diferenciação entre os modelos de pecuária foi feita a partir da existência ou não de empregados, declarado pelos produtores rurais na comercialização de seus animais ao frigorífico. Os dados foram submetidos a análise de variância avaliando o efeito entre os sistemas de produção e as suas interações com sexo, meses e anos utilizando como covariável o número de animais de cada lote, sendo esse a unidade experimental. Para analisar a percepção dos consumidores foi aplicado questionário, com perguntas objetivas e associação livre de palavras, totalizando 550 respondentes. Os dados foram coletados entre os meses de abril e junho de 2021. As palavras de maior impacto lembradas pelos entrevistados foram subdivididas em dimensões e categorias, utilizou-se também de técnica exploratória de estatística multivariada para distinguir a percepção dos consumidores, sendo a mesma realizada através da Análise de Componentes Principais (PCA) tendo por base uma matriz de variância-covariância. Os animais dos sistemas pecuários não patronais tiveram, em média, peso de carcaça fria menor, maior maturidade, menor grau de acabamento e menor participação em programas de qualidade, diferindo (P<0,05) dos animais da pecuária patronal. As fêmeas não deferiram (P>0,05) quanto a dentição e grau de acabamento entre os sistemas de produção. Ao longo dos meses, independente do gênero, não diferiram (P>0,05) quanto ao grau de acabamento, exceto em fevereiro e dezembro que animais oriundos da pecuária patronal foram melhor acabados. Na associação livre de palavras identificou-se que as dimensões aspectos familiares, cadeia produtiva, atitudes e sentimento hedônicos, alimentos/produtos e características de sustentabilidade foram as mais citadas quando os consumidores pensaram em sistemas
pecuários não patronais. Os consumidores acreditam não existir diferença entre os animais produzidos nos diferentes sistemas. Parte dos consumidores associam a produção em sistemas não patronais com processos produtivos ambientalmente corretos. Contudo, mesmo que tenha diferença a favor das carcaças de sistemas pecuários patronais, os consumidores entrevistados demonstram haver espaço para diferenciação de produtos oriundos de sistemas pecuários não patronais, com disposição em desembolsar valores maiores por produtos certificados dessa categoria social.
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