Discurso sobre a Pátria em O Cerro Largo durante a ditadura militar brasileira
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Data
2022-03-23Primeiro membro da banca
Schneiders, Caroline Mallmann
Segundo membro da banca
Venturini, Maria Cleci
Metadata
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Na presente pesquisa, desenvolvida a partir dos pressupostos teóricos e metodológicos da Análise de
Discurso materialista, empreendemos uma reflexão acerca da constituição do discurso sobre a Pátria
durante o período da ditadura militar brasileira (1964-1985), especificamente em circulação na imprensa
do interior do Estado do Rio Grande do Sul (RS). Dessa forma, visamos à compreensão de como a
imprensa fez trabalhar, nesse momento sócio-histórico e ideológico, uma determinada memória sobre a
Pátria, filiada, sobretudo, aos saberes da Formação Discursiva Religiosa Cristã e da Formação
Discursiva Militar. Para tanto, elegemos como objeto de pesquisa o jornal O Cerro Largo, que circulou
entre os anos de 1957 e 1974, no município de Cerro Largo, localizado no interior do Estado do Rio
Grande do Sul (RS). Por meio das edições do jornal, delimitamos o corpus de pesquisa, constituído de
nove recortes discursivos que comparecem nas materialidades em circulação, notadamente, nas seções
alusivas ao “Dia da Pátria” e ao “Feriado de Tiradentes”, mas também focalizamos em materialidades
que dizem respeito ao período de vigência do decreto do Ato Institucional N. 5 (AI-5), considerado o
mais repressivo do período militar. À vista disso, nossas reflexões perpassam o funcionamento
ideológico da/na língua, com enfoque na produção/movimentação de sentidos sobre a Pátria durante um
período que é marcado pela interdição e repressão à liberdade do sujeito. Há uma memória, discurso de,
que retorna e organiza o discurso sobre a Pátria, determinando os eventos a serem “comemorados” e
postos em circulação pelo lugar de memória, o jornal O Cerro Largo. Nesse limiar, compreendemos que
a presente pesquisa nos permite observar como o discurso sobre a Pátria se constituiu no jornal, ancorado
em uma memória, produzindo a variedade do mesmo, o que se repete, se retoma, que estabiliza os
sentidos, via efeito parafrástico, de modo a “jogar para fora” do discurso do sujeito aqueles sentidos
interditados às FDs tidas como dominantes à época. Além disso, explicitamos o funcionamento do
interdiscurso, enquanto pré-construído, e do efeito do discurso transverso, os quais sinalizam os modos
como esses sentidos sobre a Pátria retornam no discurso do sujeito, via funcionamento da memória, nas
condições de produção ditatoriais.
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