A análise da mentira em Agostinho
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Data
2012-08-28Primeiro membro da banca
Rossatto, Noeli Dutra
Segundo membro da banca
Corá, Élsio José
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A mentira é um tema perene de filosofia moral. Devido à sua prática frequente no
cotidiano das pessoas e instituições, e o seu grande impacto, uma reflexão filosófica sobre a
mentira adquire grande importância. Entretanto, sua exata função nas relações interpessoais e
institucionais, sua caracterização e sua legitimidade apresentam-se como um desafio
filosófico, como questões filosóficas não triviais. Desde os primórdios da filosofia houve
opiniões discordantes sobre a questão de saber se mentir é sempre admissível, pois, se ser
veraz não requer explicação, ser mendaz o exige. Se, por um lado, Agostinho e Kant rejeitam
todo e qualquer tipo de mentira, considerando-as como uma prática imoral, Platão e Benjamin
Constant aceitaram certos tipos de mentira, desde que justificadas pelo contexto. Isto significa
dizer que, mesmo aqueles que se mostraram dispostos a aceitar determinadas exceções à
prática de ser veraz, procuraram oferecer boas razões para as referidas exceções. No interior
da tradição cristã, Agostinho rejeitou todo e qualquer tipo de mentira, não aceitando nenhuma
justificativa para a sua prática. Foi um dos primeiros pensadores a se aproximar de uma
definição e sistematizar o tema da mentira. Ele desenvolveu o tema da mentira em dois
tratados, um deles intitulado “Sobre a Mentira” (De Mendacio, 395 D.C.), e o outro “Contra a
Mentira” (Contra Mendacium, 420 D.C.). A partir de tais tratados propõe-se uma análise da
caracterização agostiniana da mentira. Agostinho adota como ponto de partida, a dúvida e
mediante um percurso dialético e retórico nos conduz a uma proposta abrangente sobre o
tema. Sua obra foi composta na esperança de encontrar características necessárias e
suficientes de uma noção objetiva de mentira, para além de toda e qualquer provável
refutação. Elucidar-se-á a análise de Agostinho sobre a mentira, e, a partir disso, explorar-seão
casos práticos em seus diferentes graus de complexidade. Examinam-se outros pensadores
que também se ocuparam do tema e demais questões relacionadas à definição, como é o caso
da doutrina do duplo coração, bem como temas correlatos como a sorte moral, o caso da
eloquência do silêncio, e a aplicação da falácia da ladeira escorregadia e da quebra de
confiança ao tema da mentira.
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