Extratos de cerejeira-do-rio-grande (Eugenia involucrata): avaliação da bioatividade em modelos in vitro
Visualizar/ Abrir
Data
2022-11-29Primeiro coorientador
Somacal, Sabrina
Segundo coorientador
Conterato, Greicy Michelle Marafiga
Primeiro membro da banca
Serra, Ana Teresa
Segundo membro da banca
Lozano-Sánchez, Jesús
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A Eugenia involucrata DC. é uma espécie vegetal nativa subexplorada, presente nas regiões sul
e sudeste do Brasil. Estudos recentes relatam a presença de grandes quantidades de compostos
fenólicos potencialmente benéficos para a saúde humana em diferentes partes (folhas, polpa e
sementes) desta espécie. O diabetes é uma doença caracterizada pela hiperglicemia, a qual
resulta na glicação de proteínas e geração excessiva de espécies reativas de oxigênio (EROs)
que leva ao estresse oxidativo e a formação de produtos finais de glicação avançada (AGEs),
ambos envolvidos na patogênese da doença. Dessa forma, uma das estratégias de tratamento
e/ou prevenção do diabetes é promover a redução dos níveis de glicose sanguínea, através da
inibição de enzimas envolvidas no metabolismo de carboidratos e lipídeos. Até o presente
momento não foi encontrado na literatura cientifica nenhum estudo realizado com extratos da
polpa e semente de E. involucrata na inibição de enzimas envolvidas na digestão de
carboidratos e lipídeos. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi investigar in vitro o potencial
anti-hiperglicêmico e anti-obesogênico de extratos etanólicos de polpa e semente de E.
involucrata, por meio de sua capacidade de inibir enzimas envolvidas na digestão de
carboidratos e lipídios, e avaliar a inibição da formação de AGEs, e a capacidade de neutralizar
espécies reativas de importância biológica. O extrato de semente de E. involucrata apresentou
maior teor compostos fenólicos totais (11.550,5 ± 633,0 µg. mL-1
), compostos por ácidos
fenólicos e flavonóides, que o extrato da polpa da fruta (440,7 ± 28,1 µg. mL-1
), composto por
ácidos fenólicos, flavonóides e antocianinas. Os valores de IC50 (expressos como µg de
compostos fenólicos. mL-1
) revelaram que os compostos fenólicos dos extratos de E.
involucrata apresentaram potência superior a da acarbose para inibir as enzimas digestivas αamilase (IC50 polpa: 0,2 ± 0,0 µg. mL-1
; IC50 semente: 1,3 ± 0,2 µg. mL-1
; acarbose: 39,9 ± 3,9
µg. mL-1
), α-glicosidase (IC50 polpa: 0,3± 0,0 µg. mL-1
; IC50 semente: 1,5 ± 0,0 µg. mL-1
;
acarbose: 2.019,0 ± 81,3 µg. mL-1
), mas inferior a do orlistat para inibir a lipase pancreática
(IC50 polpa: 0,7 ± 0,0 µg. mL-1
; IC50 semente: 0,6 ± 0,0 µg. mL-1
; orlistat: 0,1 ± 0,0 µg. mL-1
).
Também inibiram a formação de AGEs (IC50 polpa: 6,8 ± 0,3 µg. mL-1
; IC50 semente: 30,9 ±
µg. mL-1
), e foram capazes de remover espécies radicalares de importância biológica (radical
peroxil: IC50 polpa: 0,02 ± 0,0 µg. mL-1
, IC50 semente: 0,12 ± 0,0 µg. mL-1
; e radical hidroxil:
IC50 polpa: 3,9 ± 0,0 µg. mL-1
, IC50 semente: 4,5 ± 0,1 µg. mL-1
). Apesar dos compostos
fenólicos extraídos da polpa da E. involucrata terem apresentado maior potência na inibição de
enzimas digestivas e remoção de espécies reativas em comparação com fenólicos da semente
da fruta, a extração da semente apresenta maior rendimento, resultando em concentração de
fenólicos 26 vezes superior à do extrato da polpa, e maior potência do extrato de semente
quando considerada a quantidade de polpa ou semente necessária para obtenção dos extratos.
Os resultados obtidos neste estudo fornecem a base para estudos futuros em modelos in vivo e
estudos clínicos visando a formulação de novos fármacos ou nutracêuticos, bem como de
produtos alimentícios com propriedades funcionais.
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: