Leishmania spp. em hospedeiros reservatórios: meta-análise, aspectos epidemiológicos e moleculares
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Data
2023-01-23Primeiro membro da banca
Oliveira, Caroline Sobotyk de
Segundo membro da banca
Santos, Helton Fernandes dos
Terceiro membro da banca
Bräunig, Patrícia
Quarto membro da banca
Pacheco, Susi Missel
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A leishmaniose é uma enfermidade infecciosa parasitária, causada por protozoários do gênero Leishmania, de manifestação clínica cutânea, mucocutânea e/ou visceral, com desenvolvimento agudo ou crônico, mantida entre reservatórios silvestres e urbanos, vetores e seres humanos. A enfermidade apresenta distribuição mundial, e tem apresentado mudanças importantes no padrão de transmissibilidade. O contato do homem com o ambiente e a fauna silvestres, ocasionados pela expansão das fronteiras agrícolas, das cidades ou turismo, aliado às alterações ambientais, propiciou uma maior adaptabilidade do parasito em infectar uma variedade de espécies animais, e uma perfeita adequação do vetor ao ambiente urbano, agravando o problema sanitário. O díptero pode infectar espécies mamíferas domésticas, silvestres e sinantrópicas, representando um grande risco para a população humana. Neste contexto, o Brasil vem apresentando um aumento expressivo no número de casos diagnosticados em seres humanos e animais. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi identificar potenciais hospedeiros e/ou reservatórios de Leishmania spp. no país, diferentes do cão e do homem. Sendo assim, foi realizada uma revisão sistemática com meta-análise, buscando os estudos que identificaram as diferentes espécies de Leishmania circulantes no meio silvestre, peri-doméstico e doméstico, atuando diretamente na epidemiologia da enfermidade e na manutenção da endemicidade nas regiões brasileiras. Identificou-se 229 espécies de possíveis hospedeiros ou reservatórios, destacando-se os equinos com a maior ocorrência. Salienta-se que entre os animais estudados no Brasil, outras espécies infectadas nas regiões brasileiras tiveram destaque como potenciais reservatórios de Leishmania spp.: felinos domésticos, roedores, marsupiais e quirópteros. O método molecular foi o mais utilizado, identificando 25% dos indivíduos amostrados infectados com alguma espécie do protozoário, sendo: Leishmania spp. mais frequente, seguida de Leishmania (Leishmania) infantum, Leishmania (Viannia) braziliensis e Leishmania (Leishmania) amazonensis. A ordem Chiroptera, composta por diversas espécies de morcegos, mamíferos voadores com uma grande capacidade de deslocamento e adaptação a diversos ambientes e hábitos sinantrópicos, vem tornando-se importante para a pesquisa de Leishmania spp. no Brasil e no mundo. Identificou-se através da revisão sistemática, morcegos infectados por Leishmania spp. nos seguintes estados brasileiros: Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. O papel destes animais no ciclo epidemiológico da leishmaniose tem sido reconhecido como sendo de potenciais reservatórios, e poderiam albergar o protozoário em áreas endêmicas e não endêmicas do Rio Grande do Sul. Sendo assim, identificou-se pela primeira vez, através de técnicas moleculares, sequenciamento e desenvolvimento da árvore filogenética, a presença de infecção natural por Leishmania spp. e Leishmania (L.) infantum em morcegos das espécies Tadarida braziliensis e Molossus molossus, provindos de diferentes localidades do estado. Esses animais podem servir como fonte de infecção para os insetos vetores que por consequência e proximidade, possam vir a infectar humanos e animais domésticos. No entanto, mais estudos são necessários para determinar o papel desses mamíferos na epidemiologia e transmissão da leishmaniose. Desta forma, é fundamental conhecer as espécies de animais envolvidas no ciclo biológico do protozoário, a fim de constituir biomarcadores ambientais, bem como identificar as espécies de Leishmania para planejar ações e medidas de controle.
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