“Pasos al costado”: uma história do processo de constituição das barras e a platinização do torcer no Rio Grande do Sul (2001-2011)
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Data
2023-03-28Primeiro membro da banca
Fraga, Gerson Wasen
Segundo membro da banca
Remedi, José Martinho Rodrigues
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Depois de 60 anos de samba, carnaval e torcida organizada, uma nova forma de torcer foi criada
em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Com a entrada dos primeiros bumbos platillos,
vindos de Buenos Aires, torcidas cantando em espanhol e bandeiras da Argentina e Uruguai nas
arquibancadas, um novo movimento se consolidou nos estádios gaúchos. A partir das mudanças
na estética da cultura material, de novos estilos musicais – como a cumbia villera – e novas
formas de cantar, a presente investigação tem como finalidade compreender o processo de
identificação com formas de torcer das chamadas barras (2001-2011), típicas da região rio
platense, e da negação de formas tradicionais das torcidas brasileiras por parte de algumas
torcidas no Rio Grande do Sul. Será historicizada a criação da Geral do Grêmio, pelo Grêmio
Foot Ball Porto Alegrense e da Guarda Popular, pelo Sport Club Internacional. Nosso recorte
temporal compreende a criação, consolidação e o surgimento das primeiras brigas internas,
quando foram criados grupos dissidentes. Para tanto, foram utilizados diversos procedimentos
metodológicos a partir da História do Tempo Presente, como levantamentos historiográficos,
consulta em periódicos, análise de fotografias, utilização de podcasts sobre a cultura torcedora
e análise de músicas das torcidas como fonte oral. Nesse sentido, investigamos canais de
torcedores organizados e canais das próprias torcidas, cujo material está disponibilizado na
plataforma do youtube. Dessa forma, foi possível perceber que a criação do estilo barra no RS
está vinculado a diferentes fatores, que se relacionam no processo da temporalidade, tais como
a criação e ampliação dos torneios organizados pela Conmebol, o aumento das transmissões
televisivas e a equipe do Grêmio inserida em jogos de todos os torneios internacionais. Além
disso, destaca-se a questão geográfica, que facilitou aos torcedores gremistas com a
possibilidade de viajar para os países platinos, já que, com a aprovação do Mercosul, os
moradores do Cone Sul não precisavam mais utilizar passaporte para transitar entre os países,
facilitando as excursões de torcedores. Do mesmo modo, a violência na sociedade da década de
1990 se refletiu nas torcidas gaúchas, as quais foram banidas e/ou criminalizadas nos estádios,
deixando um vácuo nas associações torcedoras. A partir disso, iniciou-se as barras com a Geral
do Grêmio e depois com a Guarda Popular. Essas torcidas reforçam o sentimento de orgulho
gaúcho, buscando um pertencimento a uma comunidade imaginada da região platina,
procurando uma identidade comum com esses países para se legitimar como barras, alterando
a dinâmica da forma de torcer das principais equipes do estado.
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