O branco é o Drácula? Branquitude, discursos e arenas educativas
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Data
2023-07-24Primeiro membro da banca
Domingues, Andrea Silva
Segundo membro da banca
Possa, Leandra Bôer
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Esta pesquisa é encontro, devir, vir a ser da pesquisadora com o tema-noção branquitude. A
investigação segue a partir das problemáticas: Como uma matriz discursiva sobre a branquitude,
materializada em trabalhos científicos, funciona e ordena a capilaridade do tema-noção? Quais
os elementos constitutivos da branquitude e como eles deslizam/e[s]coam na ordem discursiva?
Quais sentidos de branquitude são controlados? Quais são interditados? Tal desenho buscou
compreender as possibilidades de análise da branquitude como uma matriz discursiva política,
na qual há consensos e dissensos, visibilidades invisíveis e invisibilidades visíveis. Alguns
objetivos específicos foram desmembrados: discutir diferentes maquinarias do racismo e do
colonialismo; investigar como se tem produzido sentidos para a branquitude na literatura e em
pesquisas científicas (teses e dissertações); desenhar elementos constitutivos de uma matriz
discursiva da branquitude a partir de pesquisas científicas; fazer funcionar a pergunta “o branco
é o Drácula?” como potência criativa, no sentido de re/pensar o(s) modo(s) com que a
branquitude desliza/e[s]coa na proveniência discursiva. Nesse sentido, o ritual metodológico
foi construído com inspiração no trabalho de Michel Foucault, diante da tentativa de encontrar
as condições que possibilitassem pensar a proveniência desses discursos e os procedimentos de
exclusão que atuam sobre eles (interdição, separação, rejeição e oposição do verdadeiro e do
falso). O referencial teórico para a compreensão da maquinaria da colonialidade, a constituição
das hierarquias raciais e a emergência do tema-noção da branquitude foram os trabalhos de Cida
Bento (2002; 2022), Lia Vainer Shucman (2012; 2014; 2018; 2023), Sueli Carneiro (2023),
Denise Ferreira da Silva (2022), Grada Kilomba (2021), bell hooks (1995; 2017; 2019),
Lourenço Cardoso (2008; 2014; 2017; 2022). A materialidade da pesquisa foi constituída de
vinte e quatro produções acadêmicas, entre teses e dissertações, produzidas na área da
Educação, entre 2018 e 2023. Nesses textos a branquitude foi definida como norma, identidade
racial branca, ideologia, como sinônimo de brancura (fenótipo), lugar de fala, dispositivo e
como formação discursiva. Os elementos constitutivos da branquitude encontrados pelos
autores foram: privilégios/meritocracia; supremacia/superioridade branca,
invisibilidade/neutralidade. Com essas constatações nos colocamos diante do seguinte
questionamento: a branquitude é alguma coisa ou é algo que se coloca em funcionamento? A
matriz discursiva da branquitude mobiliza e potencializa esses significados e elementos
constitutivos. Assim, ao questionarmos “O branco é o Drácula?” concluímos que o Drácula
pode ser muitas coisas, não sendo [somente] o sujeito de pele branca que não se vê racializado,
mas é na relação Drácula-espelho que se faz a branquitude, que ela opera. O jogo discursivo é
paradoxal, ao passo que a branquitude inventa e agencia disputas e alianças para continuar “não
se refletindo”, ela reforça e dá visibilidade a capilaridades de práticas discursivas, vontades de
verdade e relações de poder numa arena educativa do social e cultural. Sendo plural e em
dispersão constante, a branquitude não “é”, ela funciona na autorização e na interdição, no
silenciamento e no pacto discursivo.
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