Tornando-se mãe na pandemia da covid-19: tecendo redes coletivas de significados
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Data
2023-09-29Primeiro membro da banca
Dias, Hericka Zogbi
Segundo membro da banca
Zappe, Jana Gonçalves
Terceiro membro da banca
Malgarim, Bibiana Godoi
Quarto membro da banca
Costa, André Oliveira
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Um novo ambiente com um potencial traumático se instaurou no Brasil, e em grande parte do
mundo, modificando as rotinas estabelecidas em termos de trabalho, relações sociais, afetivas,
econômicas, hábitos de vida, convívio e cuidados destinados aos filhos. Essas mudanças,
abruptas, devido à suspensão relativa das atividades sociais, econômicas e de cuidado constante
em relação a saúde, se alteraram desde que a pandemia da Covid-19, causada pelo novo
coronavírus SARS-COV-2, foi identificada. A pandemia se propagou em um cenário marcado
pela iniquidade de gênero, econômica e social, e pela polarização política. Pode-se observar a
intensificação das desigualdades na experiência da maternagem onde as mulheres precisaram
enfrentar o desafio de conciliar os cuidados com os filhos e responder às exigências domésticas
e profissionais marcadas por restrições do distanciamento social. O objetivo geral da pesquisa
foi compreender as experiências de maternagem, analisando os efeitos da pandemia da Covid19 na subjetividade de mulheres que se tornaram mães. Com base em uma psicologia social
crítica, construiu-se o método de pesquisa e as análises. Utilizou-se os seguintes meios para a
construção do corpus de pesquisa: foram utilizadas as seguintes técnicas de pesquisa: (a)
Questionário Sociodemográfico, (b) Questionário sobre Experiências de Maternagem na
Pandemia Covid-19, (c) Grupo de Escuta online, durante a pandemia (2021) (d) Diário de
Campo e (e) entrevistas narrativas pós-pandemia (2023). Para as análises e interpretações
recorreu-se, à teoria Winnicottiana, à teoria feminista e à proposta de René Kaës sobre grupos.
Ao todo, foram acessadas 22 mulheres que se tornaram mães na pandemia, destas 8
participaram do Grupo de Escuta. Pode-se perceber que o distanciamento social dificultou o
acionamento de redes de apoio e que ocasionou uma sensação de desamparo e solidão na busca
por tornarem-se mães suficientemente boas, por isso relataram situações de sobrecarga e de
dificuldades em administrar as demandas pessoais e profissionais com os desígnios provindos
da maternidade. Além disso, mostram a importância de redes coletivas que possam dar amparo
para a experiência singular de ser mãe em um ambiente pandêmico, pois foi observado, tanto
no grupo como nas entrevistas, que essas mães sentiam a necessidade de contar sobre essa
experiência em contextos grupais, onde interlocuções coletivas potencializaram a tessitura de
significados e as auxiliaram nos impasses e reinvenção de uma maternagem “suficientemente
boa” mesmo em um ambiente traumático.
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