A representação da violência como resultado da miséria em “Feliz Ano Novo”, de Rubem Fonseca, à luz da Linguística Sistêmico-Funcional
Resumo
Resumo: Para Halliday (1982), a antilinguagem é o que caracteriza uma antissociedade, podendo ser um modo de
resistência de grupos marginalizados diante de uma linguagem/força dominante. Atrelando tal conceito a uma
análise léxico-gramatical, busca-se analisar a forma como a violência, fruto da miséria, é representada no conto
“Feliz ano novo”, de Rubem Fonseca (2012). A pesquisa está firmada nos pressupostos da Linguística Sistêmico Funcional, de Halliday (1989) e Halliday e Matthiessen (2014). Também, baseia-se no modelo de Hasan (1989)
de arte verbal e linguagem, para atrelar a prática da análise linguística a um objeto literário. A natureza da pesquisa
é de cunho qualitativo interpretativista, posto que se vale do sistema de transitividade da metafunção ideacional –
que concebe a oração como representação – para efetuar a análise do corpus. Os resultados apontam para a
predominância de processos materiais e relacionais que indicam ações e atributos do grupo. Ao mesmo tempo,
foram identificadas quatro categorias reveladoras de antilinguagem empregada pelas personagens, distribuídas em:
(1) natureza psicológica/mental (AP); (2) natureza carnal/sexual (AC); (3) natureza física/material (AF); (4)
natureza escatológica (AE). Assim, a violência representada no conto insere-se como tentativa de as personagens
reverterem sua fragilidade social, ao passo que, concomitantemente, possam manter intactas a identidade do grupo
e a contrarrealidade experienciada