Bioatividade de extratos vegetais no controle de Sitophilus oryzae (Linné, 1763) em arroz
Abstract
O crescimento contínuo da população mundial, a intensa competição entre humanos e pragas pelo mesmo tipo de alimentos, a resistência a inseticidas existentes por determinados insetos, e a persistência de resíduos de agrotóxicos no ambiente e nos alimentos, criam a necessidade de uma incessante busca de novos inseticidas. Nesse campo de pesquisa, as espécies vegetais surgem como fontes promissoras de metabólitos secundários com atividade inseticida. No caso do arroz armazenado, a principal praga no Estado do Rio Grande do Sul, é o gorgulho Sitophilus oryzae (LINNÉ, 1763). O presente trabalho baseou-se na realização de quatro experimentos. O primeiro experimento objetivou prospectar plantas com potencial inseticida para esse inseto, testou-se na Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria, RS) diversos extratos vegetais. Foram avaliadas, em laboratório, a mortalidade, a repelência e a emergência de adultos de Sitophilus oryzae em grãos de arroz (Oryza sativa L.) com casca, tratados com pós de Piper nigrum L., Chenopodium ambrosioides L., Nicotiana glauca Graham , Nicotiana tabacum L., Corymbia citriodora Hook, Trichillia catigua A. Juss., Melia azedarach L., Mentha pulegium L., Calopogonium caeruleum Hemsl., Ricinus communis L., e Ruta graveolens L. Os inseticidas padrões usados foram: Pirimifós-metil, Deltametrina, e Terra de Diatomáceas. O pó que provocou maior mortalidade foi C. ambrosioide. Para repelência, o pó com maior atividade foi Corymbia citriodora. Para C. ambrosioides e C. caeruleum, determinou-se a DL50 sendo de 0,199 g e 0,254 g/20 g de arroz, respectivamente. O segundo experimento buscou determinar os danos causados por Sitophilus oryzae em arroz com casca, usando quatro populações de insetos adultos em amostras de arroz; e o crescimento populacional do gorgulho usando amostras de arroz com quatro teores de umidade. Em relação aos danos causados, observou-se que o nível de dano aumentou de maneira linear com o aumento populacional, embora o consumo per capita tenha sido maior para a menor população. No estudo do crescimento populacional, constatou-se aumento da população de insetos com o aumento do teor de umidade dos grãos até 14,9% (B.U.), e a partir daí um decréscimo no crescimento populacional. O terceiro experimento tratou da realização do teste de citotoxicidade, para os extratos aquosos de Chenopodium ambrosiodes e Calopogonium caeruleum, frente à Artemia salina Leach. A CL50 dos extratos de Chenopodium ambrosioides e Calopogonium caeruleum foi determinada, sendo de 1,76 mg/ml e 4,78 mg/ml, respectivamente. E o quarto experimento tratou da investigação da toxicidade aguda oral do extrato aquoso, e análises dos parâmetros bioquímicos e histopatológicos em ratos, de Chenopodium ambrosoides e Calopogonium caeruleum. Para C. ambrosioides, somente o grupo dos machos não apresentou diferença estatística para creatinina, enquanto que, para todos os outros parâmetros, houve diferenças entre os grupos tratados e o controle. O C. caeruleum apresentou diferenças estatísticas para creatinina, TGO e TGP, em ambos os sexos, com exceção da uréia no grupo das fêmeas. Nos resultados dos estudos histopatológicos, o extrato de C. ambrosoides provocou, nas duas concentrações, discreta tumefação celular hepática para os ratos machos; enquanto o C. caeruleum apresentou resultado semelhante para os ratos machos a 9 %, e verificou-se discreta esclerose glomerular e discreta tumefação celular hepática no grupo das fêmeas.