O vivo no telejornalismo: uma tipologia de finalidades, funções e formatos
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Data
2024-03-26Primeiro membro da banca
Silveira, Ada Cristina Machado
Segundo membro da banca
Emerim, Cárlida
Terceiro membro da banca
Schwartz, Clarissa
Quarto membro da banca
Martins, Maura
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Dentre as conformações possíveis de notícias em televisão, o formato
reconhecido como vivo, entrada ao vivo, link ao vivo, pelo telejornalismo brasileiro,
constitui-se da participação do repórter, enunciando informações, com captação de
imagem e som simultânea à transmissão, no próprio local de um acontecimento ou
de um local externo ao estúdio. Do ponto de vista tecnológico, a realização do vivo
no telejornalismo está condicionada ao desenvolvimento de equipamentos capazes
de captar, transmitir e receber conteúdos audiovisuais. Do ponto de vista jornalístico,
essa conformação de notícia sempre esteve a serviço da cobertura de
acontecimentos em curso no momento da veiculação dos telejornais. Porém, no
atual ecossistema midiático, caracterizado pela mobilidade e ubiquidade, e
fortemente influenciado pela linguagem da Internet, o vivo tem conquistado cada vez
mais espaço em programas telejornalísticos, sendo, em muitos deles, o formato
predominante e preferencial. Assim, esta pesquisa tem como pano de fundo a
natureza do telejornalismo em reformular sua linguagem de acordo com o
desenvolvimento de novas tecnologias. E, nesse contexto digital e convergente,
investiga a hipótese de o vivo atender a um conjunto de outros interesses,
atravessados pela influência do ambiente midiático contemporâneo, agregando
novas características às inerentes a esse modelo de notícia. Nessa perspectiva, a
pesquisa tem como objetivo geral analisar a conformação de notícia telejornalística
denominada vivo, com vistas a identificar suas finalidades, funções e formatos,
relacionando-os aos valores predominantes no ambiente midiático contemporâneo.
Para isso, a metodologia delineou-se a partir da combinação de dois níveis de
análise: o contextual, através da lente da Ecologia da Mídia, de pesquisadores como
McLuhan (2007), Scolari (2008, 2015), Canavilhas (2015), Seib (2001) e Strate,
Braga e Levison (2019) e outros; e o textual, através da perspectiva da Semiótica
Discursiva, de pesquisadores como Greimas e Courtés (2016), Duarte (2022, 2012,
2007, 2006), Castro (2012), Jost (2007, 2004) e outros. O corpus de análise foi
composto por vivos veiculados em cinco telejornais regionais matinais da Rede
Globo de Televisão, considerando-os paradigmáticos no que diz respeito à
linguagem do vivo. Dentre os resultados obtidos pela pesquisa está o
desenvolvimento de uma tipologia do vivo, com 11 tipos possíveis de realização de
vivos identificados nesses telejornais, considerando suas finalidades, funções e
formatos, sendo eles: vivo chamada, vivo notícia, vivo síncrono, vivo reportagem,
vivo entrevista, vivo testemunho, vivo boletim, vivo retrato, vivo mosaico, vivo
autorreferencial e vivo selfie. A pesquisa demonstra que o vivo está a serviço de
outras finalidades, funções e formatos para além da cobertura de acontecimentos
em curso, podendo ser usado pelos telejornais em estratégias de autopromoção,
interação com o telespectador, captação de audiência, ou ainda, para simplificar o
processo de edição, ampliar sua capacidade produtiva de conteúdos audiovisuais,
entre outras. A valorização da entrada ao vivo também exige dos jornalistas
habilidades específicas para o desenvolvimento desse formato nos moldes em que
ele vem sendo aplicado nos telejornais regionais matinais, tais como a capacidade
retórica e de improviso.
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