"Não é porque eu tô em casa, que eu consigo dar conta de tudo": o trabalho em home office entre mulheres na comunicação
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Data
2024-03-25Primeiro membro da banca
Petermann, Juliana
Segundo membro da banca
Paulino, Roseli Aparecida Fígaro
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Esta pesquisa tem o propósito de investigar a dinâmica de gênero considerando o trabalho
informalizado e em home office na comunicação. O problema de pesquisa que norteia esta
investigação é: Como se expressam as desigualdades de gênero no campo da comunicação a
partir das dinâmicas próprias do trabalho informalizado e em home office? Dessa forma, o
objetivo principal da investigação é analisar como a desigualdade de gênero, no âmbito do
trabalho informalizado, se expressa nas dinâmicas do home office entre mulheres profissionais
da comunicação na cidade de Santa Maria (RS). Na intenção de cumprir com o objetivo geral
proposto, tem-se como objetivos específicos: (i) Mapear os diferentes conceitos de trabalho e
discutir a sua (re)configuração com a vida privada a partir do contexto do home office; (ii)
Discutir como a informalização está relacionada à reprodução da divisão sexual do trabalho e
como estes estão articulados no campo da comunicação; (iii) Identificar as especificidades do
trabalho em domicílio na comunicação, considerando uma reestruturação da rotina produtiva;
(iv) Verificar como a desigualdade de gênero se articula com as especificidades identificadas
no trabalho em domicílio. A fundamentação teórica se sustenta em dois eixos que representam
as dimensões do objeto de estudo. O primeiro deles, desenvolvido no segundo capítulo, é
voltado a discutir o conceito de trabalho, no âmbito do trabalho remunerado, nesta pesquisa.
Neste sentido, é apresentado o panorama do trabalho para e na comunicação (Fígaro, 2009;
2011; 2018; Custódio, 2023; Costa, 2022; Haag et al, 2023) e trabalho flexível (Antunes,
2008; 2009; Dal Rosso, 2017; Schwartz; Durrive, 2021). Posteriormente, discutimos a relação
entre a flexibilização do trabalho e as relações de gênero e, depois, como a relação está
expressa na reconfiguração da vida privada materializada no trabalho em domicílio. Para isso,
são utilizadas sobretudo as contribuições de autores e autoras da sociologia como Hirata e
Kergoat (2007), Federici (2019; 2021), Schwartz (2011), Dedecca (2004) e Carrasco (2005).
Para responder ao problema de pesquisa proposto, a metodologia desta investigação se faz por
meio de uma coleta de dados qualitativa, aos moldes da etnografia, ordenada em três fases: (1)
pesquisa exploratória; (2) técnicas da etnografia (entrevista semiestruturada, diário de campo
e diário de trabalho); e (3) análise e sistematização dos dados. O estudo foi realizado ao longo
de nove meses com quatro mulheres diplomadas em Comunicação, residentes em Santa Maria
(RS) e região, que possuem um vínculo de trabalho informalizado e que atuam integralmente
em home office. Para a análise dos dados obtidos foram elencadas três categorias analíticas:
conciliação com o trabalho doméstico e do cuidado, conciliação com as relações afetivas e o
tempo livre e relações sociais no trabalho. A discussão dos resultados evidencia que a
flexibilidade territorial e de vínculo é apropriada estrategicamente pelas interlocutoras como
ferramenta para a conciliação de diferentes papéis: trabalhadora remunerada, estudante, mãe,
filha e companheira. Ao mesmo tempo, a jornada extenuante e o acúmulo de
responsabilidades provocam uma visível sobrecarga física e mental das participantes,
sobretudo das que possuem filhos.
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