Efeito nutricional da fortificação protéicoenergética da alimentação escolar de crianças
Resumo
No Brasil, assim com em muitos Países em desenvolvimento, a fome e a desnutrição
afetam uma grande parcela da população. Nas crianças, essa situação pode determinar
seqüelas importantes para o resto de suas vidas, tanto sob o ponto de vista orgânico quanto
intelectual. Mas como garantir uma alimentação adequada em um cenário mundial onde um
sexto da humanidade ainda não consegue se alimentar de forma digna? Dentre os Programas
Governamentais Brasileiros atualmente existentes, o Programa Nacional de Alimentação
Escolar PNAE destaca-se pela abrangência das faixas etárias mais vulneráveis e por aliar o
combate à fome e à evasão escolar. Devido aos recursos financeiros disponibilizados, a
inclusão de alimentos alternativos de baixo custo tem sido promovida como estratégia
promissora. No entanto, a real avaliação do poder nutricional destes alimentos ainda carece de
investigações. Assim, pesquisas que avaliam a inclusão de alimentação alternativa no PNAE
devem considerar não só o aspecto econômico e de aceitação sensorial pelas populações alvo,
mas os aspectos nutricionais intrínsecos dos alimentos utilizados. Neste contexto, além do
perfil calórico e de macronutrientes, a importância do escore aminoacídico presente no
alimento ofertado tem recebido destaque na literatura mundial, principalmente na faixa etária
pediátrica. Neste estudo, dois co-produtos agroindustriais de baixo custo, concentrado
protéico de soja e quirera de arroz, foram utilizados na formulação de um mix altamente
protéico e com balanço aminoacídico adequado aos requerimentos nutricionais infantis. Este
mix foi utilizado em preparações alimentares, bolinhos doces , de diferentes sabores com
grande aprovação pelo grupo de crianças em estudo. Os alimentos experimentais foram
suplementados à alimentação escolar determinando alterações significativas na composição
corporal das crianças estudadas: aumento da massa magra e redução da massa gorda,
principalmente entre as crianças com desvios nutricionais. Além disto, este estudo
demonstrou que, mesmo sendo considerado o aminoácido limitante, a lisina presente no arroz
cozido apresenta elevada disponibilidade metabólica. Esta constatação só foi possível através
da técnica do indicador de oxidação de aminoácidos, até então utilizada na avaliação de
biodisponibilidade aminoacídica de fontes protéicas isoladas.