Territórios docentes: as significações sociais imaginárias no contexto de projetos de educação do campo
Resumo
A pesquisa potencializou a realização de um trabalho com professores rurais/do campo , perspectiva na qual se fortalece a Educação do Campo, tema e objeto desta pesquisa. A abordagem metodológica adotada para o desenvolvimento do estudo foi a pesquisa qualitativa traçada pelos Estudos Multicasos, aproximando o pesquisador das especificidades e pluralidades dos cotidianos locais, tendo como técnica de coleta de informações as narrativas do vivido (SILVA, 2012). A matriz teórica desta escrita está embasada nos estudos sobre o Imaginário Social, territórios, Educação do Campo e formação de professores. A pesquisa realizada permitiu destacar os sentidos atribuídos às significações sociais instituídas e instituintes nos contextos da Educação Rural (no caso do Uruguai) e da Educação do Campo (no caso do Brasil), que remetem ao campo das tensões históricas e sociais vivenciadas pelos sujeitos social-históricos que movimentam tais territórios por meio de um processo dinâmico e constante, ora mediado pela heteronomia, ora pela autonomia (CASTORIADIS, 1982). A alienação apresenta-se materializada nas instituições sociais às quais os indivíduos e as coisas estão ligados e/ou condicionados e que, na maioria das vezes, enrijecem o protagonismo social e coletivo em prol de objetivos e metas elaboradas sem ouvir os atores envolvidos. Ouvi-los é essencialmente necessário para a prática da autonomia comunitária por parte dos professores e dos demais agentes modificadores e transformadores das realidades apresentadas. Quando em vias de processos autônomos, percebeu-se que os atores sociais sentem-se libertados das amarras institucionais e autorizados a propor o novo, a construir e dar fluência a novas práticas, enfim, a propor algo diferente. Mesmo com trajetórias de vidas individuais, perspectivas pessoais e profissionais distintas e formas de atuação comunitárias ímpares, a identidade dos professores rurais/do campo, independentemente dos entrevistados na realidade brasileira ou uruguaia, identifica-se com o campo dos territórios imateriais (FERNANDES, 2009a), do mundo das ideias e do conhecimento. Tanto na Educação Rural (Pedagogia Rural no Uruguai) como na Educação do Campo (Pedagogia da Alternância no Brasil), os professores legitimam-se na área dos saberes pedagógicos e nas práticas possíveis a partir do território material da escola, do seu locus de trabalho, entendendo um como meio e fim do outro, pois, como afirma Fernandes (2009a), cada território é uma totalidade inserida no contexto social-histórico que movimenta e modifica constantemente os sujeitos nele inseridos.