Ironia e intertextualidade em Videiras de cristal
Resumo
Na obra Videiras de cristal, de Luiz Antônio de Assis Brasil, nota-se um intenso diálogo com outros textos. Isto é, verifica-se um expansivo processo de intertextualidade. Merece destaque os intertextos com textos bíblicos, em especial os encontrados no Novo Testamento da Bíblia. Sendo assim, a partir das proposições de Genette, Bakhtin e outros teóricos, foi analisado como se estabelecem as relações entre o romance Videiras de Cristal e a Bíblia, bem como a que servem. Através do viés da ironia e da intertextualidade observou-se como ocorrem na obra cada um desses processos e com que objetivo tais conceitos são abordados no texto literário de Assis Brasil. A tese defendida é que na obra há uma preocupação com a valorização de um fato histórico, revisitado pela obra e redimensionado atráves dos diálogos que se forjam. Entende-se que este fato assume, através do fazer literário, o status que um texto puramente histórico não lhe daria. O corpo do presente trabalho é composto por quatro capítulos. No primeiro capítulo faz-se uma retomada sobre a constituição do Romance e a Era Moderna e uma abordagem sobre o autor e sua obra, bem como a base factual do romance em análise. No segundo capítulo discute-se sobre a possibilidade de classificação do romance de Assis Brasil com um romance histórico e nos dois últimos capítulos procede-se uma análise das personagens e da narrativa propriamente dita a fim de proceder-se a verificação das faces da intertextualidade e de um aparente dialogismo, presentes e inerentes à obra Videiras de Cristal.