Devir-revolucionário nos escritos de Caio Fernando Abreu e de Reinaldo Arenas: traçados de um encontro (por vir)
Resumo
Leitura dialógica estabelecida entre escritos de Caio Fernando Abreu e de Reinaldo Arenas que, pautada na dimensão vitalista potencializada em seus textos, visa articular a circulação do desassossego com o caráter resistente que o vislumbre de novas possibilidades existenciais e relacionais abre dentro e fora do espaço ficcional. Para tanto e apoiada, sobretudo, nas conexões entre a maleabilidade da dobra foucaultiana, a redivisão do sensível engendrada pela dimensão política da arte conforme concebe Rancière e o impulso nômade da noção de máquina de guerra deleuzo-guattariana buscou-se perscrutar transgressões, no que tange ao conteúdo e à forma, ativadas tanto na literatura areniana quanto na caiofernandiana. Com o percurso, delineou-se que o devir-revolucionário engendrado no (e pelo) corpus ficcional ultrapassava o embate entre posições antagônicas, visível na postura crítica das obras selecionadas em relação ao contexto de produção das mesmas, para suscitar uma transformação afetiva enquanto possível desclassificador de formas-de-vida que se mostram insuficientes, forçando, em consequência, à reinvenção. Por diferentes estratégias estéticas as ficções estudadas vazam focos obstrutores em um deslize que se estende a um reclamado por vir: inacabado e inoperante, gérmen de uma inusitada comunidade, cuja discussão devolve à alteridade sua intrínseca expropriação.