Administração crônica de flúor: efeitos no metabolismo e na reprodução de ovinos
Resumo
A suplementação mineral é um fator que contribui de forma relevante sobre o índice
de produtividade dos animais. Nos últimos anos, tem-se discutido a utilização de fontes
alternativas de fósforo na alimentação animal, as quais contêm um teor maior de flúor (F)
comparado a outras fontes convencionalmente utilizadas. O F é considerado um elemento
essencial, mas o interesse biológico está voltado aos seus efeitos tóxicos. Assim, o objetivo
do presente estudo foi avaliar o metabolismo do F, investigar o efeito sobre o metabolismo
hepático e avaliar as características seminais, indicadores do metabolismo oxidativo do
sêmen e os parâmetros histomorfométricos do sistema reprodutivo de ovinos tratados
cronicamente com fluoreto de sódio (NaF). Para tanto, foram utilizados 12 machos, com
idade aproximada de cinco meses. Os animais foram divididos em grupo Controle, que
recebeu apenas sal iodado (5g de NaCl/animal + 0,2mg I/kg matéria seca) e, grupo Tratado,
que recebeu sal iodado adicionado de NaF (4,7mg F/kg de peso corporal). Esses sais foram
administrados diariamente, via sonda oro-esofágica, por um período de 150 dias. Coletaramse
amostras de sangue, urina, fezes e sêmen. Ao fim do período experimental, após a
eutanásia, coletaram-se a glândula pineal e amostras de osso, fígado, testículo, cauda do
epidídimo e canal deferente. Os teores séricos, urinários e ósseos de F foram superiores
nos animais Tratados. Quanto ao teor de F na glândula pineal, não houve diferença entre os
grupos. Em relação às concentrações séricas de proteína total, albumina e colesterol total,
não houve diferença entre os grupos, assim como não houve na atividade das enzimas
gama glutamiltransferase e aspartato aminotransferase. No exame histológico do fígado,
não foram observadas alterações. No sistema reprodutivo, na comparação entre os grupos,
não foram observadas diferenças no percentual de motilidade, viabilidade e morfologia
espermática; na concentração da glutationa reduzida seminal; no teor de zinco seminal e
ainda, no peso testicular, morfometria e histologia do testículo, cauda do epidídimo e canal
deferente. A concentração de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico e o teor de cobre
no sêmen foram menores no grupo Tratado. De um modo geral, é possível concluir que a
administração crônica de F induz ao acúmulo desse elemento nos ossos. A capacidade
orgânica de acúmulo ósseo e excreção urinária do F nos ovinos jovens é diferente de outras
espécies animais, não podendo ser aplicados resultados entre espécies. A administração
crônica de F para ovinos jovens não afeta a estrutura tecidual do sistema reprodutivo, bem
como a qualidade seminal. Entretanto, alterações inaparentes relacionadas ao perfil
oxidativo seminal podem ocorrer, interferindo na fertilidade dos animais.